Preservação do passado estimula ações
Entre os alunos envolvidos na restauração da Balwin 460, a perspectiva de colaborar com a preservação do passado ferroviário brasileiro os anima a dar continuidade aos trabalhos. "Conseguimos aliar teoria e prática e ajudamos a resgatar um pouco da história", diz Gerson Barreto Pitoli, 41 anos, estudante do curso de Fabricação Mecânica, da Faculdade Senai.
Já o colega de projeto Guilherme Bergamin, 20 anos, do curso de Desenho Industrial da Unopar, assinala que a participação no restauro será benéfica para a carreira. "Sempre gostei dessa parte de modelagem. O trabalho acaba sendo um passatempo e algo que vai favorecer muito meu currículo", define.
Para a professora que coordena a turma da Unopar no projeto, Viviane Aiex, a iniciativa também tem forte viés cultural, além das possibilidades de aprendizado técnico. "De certa forma, é o resgate de como foi o passado, a colonização e também a evolução da região de Londrina com as ferrovias", sustenta. (AL)
FRASE
"Como é uma locomotiva muito antiga, muitos componentes acabaram sendo perdidos durante o tempo. Estamos pesquisando para ter condições de produzir peças com fidelidade às originais."
Marcos Eduardo de Lima, professor da Faculdade Senai.
A partir de pesquisas e acompanhamento técnico, universitários de Londrina têm colaborado com a restauração de um dos últimos exemplares da locomotiva a vapor Baldwin 460 existentes no Brasil. De origem americana, a máquina pertenceu à extinta Companhia Douradense de Estradas de Ferro e carrega 104 anos de história.
Os trabalhos de restauro são desenvolvidos por meio de um convênio entre o Programa Municipal de Incentivo à Cultural (Promic) e a Universidade Estadual de Londrina (UEL). Também são parceiros do projeto a Universidade do Norte do Paraná (Unopar) e a Faculdade de Tecnologia Senai. Estão sendo investidos na iniciativa R$ 40 mil repassados pelo Promic.
A diretora do Museu Histórico de Londrina, Regina Alegro, explica que dez estudantes dos cursos tecnólogos de Fabricação Mecânica e Manutenção Industrial da Faculdade Senai são responsáveis pelo desenvolvimento e execução dos projetos, com medições e descrição da matéria-prima de peças danificadas da locomotiva. Cinco alunos de Desenho Industrial da Unopar dão suporte na parte de desenho e modelagem dessas peças, enquanto 12 acadêmicos de História da UEL fazem pesquisas para contextualizar toda a restauração. "Precisamos conhecer o contexto para estabelecer critérios adequados para a conservação das peças e a comunicação disso com o público", define Regina.
Processo
O restauro está na reta final, o que inclui ajustes com massa, funilaria, jateamento e pintura. A Baldwin, recorda Regina, aguarda essas intervenções desde 1999, quando foi trazida de Jundiaí (SP). "Nessa época, a locomotiva já estava em exposição por lá. Ao chegar a Londrina, permaneceu estacionada no antigo IBC [Instituto Brasileiro do Café], aos cuidados da UEL", explica. Ela pontua que, até então, não havia sido possível reunir condições que permitissem colocar em prática o projeto de restauração.
A expectativa é de que a locomotiva seja exposta no Museu Histórico de Londrina ainda neste mês. O trabalho dos acadêmicos deve prosseguir com pesquisas para produzir dezenas de pequenas peças que ainda precisam ser reconstruídas, mas que demandam um processo de "garimpagem". "Como é uma locomotiva muito antiga, muitos componentes acabaram sendo perdidos durante o tempo. Estamos pesquisando para ter condições de produzir peças com fidelidade às originais", diz o coordenador do projeto na Faculdade Senai, Marcos Eduardo de Lima.