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O professor Antonio Liccardo é um dos idealizadores do museu criado no câmpus da Universidade Estadual de Ponta Grossa. | Josué Teixeira / Gazeta do Povo
O professor Antonio Liccardo é um dos idealizadores do museu criado no câmpus da Universidade Estadual de Ponta Grossa.| Foto: Josué Teixeira / Gazeta do Povo

Cientistas estudam a presença de pterossauros nos céus do Paraná

Os pterossauros são répteis voadores que conviveram com os dinossauros há 100 milhões de anos e há registros de que esses animais habitaram o Noroeste paranaense. Depois de quase 40 anos de estudo, pesquisadores descobriram em 2012 que ossos encontrados em 1975, em Cruzeiro do Oeste, eram de pterossauros.

Os fósseis começaram a ser estudados na UEPG e também viraram objeto de estudo do Centro Paleontológico da Universidade do Contestado (Cenpáleo), uma das mais respeitadas instituições brasileiras no estudo da paleontologia, que tenta mapear os fósseis encontrados no Sul do país.

Aliás, o Cenpáleo está prestes a confirmar a existência de uma nova espécie do réptil que teria vivido no atual território paranaense. Segundo o coordenador do centro, Luiz Carlos Weinschutz, a área de Cruzeiro do Oeste era tomada por um deserto com a provável existência de oásis, que atraíam os pterossauros. Duas vezes por ano, os pesquisadores do Cenpáleo vão à região para fazer escavações. Weinschutz reforça a ideia de criar um centro de exposição em Cruzeiro do Oeste para que a população da região tenha acesso aos resultados das pesquisas. (MGS)

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Um museu feito por conta própria

Josué Teixeira / Gazeta do Povo

Com quatro geólogos, o Departamento de Geociências da UEPG não esperou por uma iniciativa do poder público e montou, no saguão do Bloco L do câmpus de Uvaranas, uma exposição permanente do acervo do departamento. O "quase museu" tem cerca de mil peças que incluem pedras preciosas, minerais, réplicas de fósseis (foto) e até a amostra de um fóssil de pterossauro encontrada em escavações feitas em Cruzeiro do Oeste, no Paraná. Parte do acervo pertence aos próprios professores. É o caso de um fragmento de meteorito de Marte comprado pelo professor Antonio Liccardo em uma de suas viagens. A exposição começou a ser montada em 2011 e também tem réplicas dos painéis sobre os geosítios do Paraná. Além de funcionários da UEPG e universitários, o espaço é visitado por grupos escolares do município.

Único curso do estado

A única graduação em Geologia do Paraná fica na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Criado em 1972, o curso tem hoje duas pós-graduações (Geologia Ambiental e Geologia Exploratória) voltadas a profissionais que queiram se especializar na área. A graduação da UFPR – uma das 28 do país – tem duração de cinco anos e abre 33 novas vagas a cada ano. A concorrência nos últimos vestibulares tem girado em torno de 13 candidatos por vaga.

A falta de apoio do poder público tem feito com que pesquisas na área de Geologia permaneçam restritas ao ambiente acadêmico e desconhecidas por grande parte da população. Projetos idealizados por pesquisadores paranaenses com o objetivo de popularizar o conhecimento acerca de minerais, sítios geológicos e a formação do planeta chegaram a despertar o interesse de gestores, mas hoje encontram-se engavetados e sem perspectivas.

Exemplo emblemático desse tipo de abandono é o caso do Museu de Geologia e Paleontologia instalado no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa. Construído em 2009, com o investimento de R$ 4 milhões vindos do governo estadual, o espaço nunca foi aberto ao público.

No ano passado, o projeto deixou de receber mais R$ 3,2 milhões do Ministério da Cultura por não haver um convênio assinado entre o governo estadual e a Fundação João José Bigarella (Funabi), parceira do projeto. De acordo com o idealizador do museu, o cientista paranaense João José Bigarella, esse era justamente o valor necessário para concluir a montagem da exposição.

Com acervo cedido pela Funabi, o objetivo do museu seria mostrar a grupos escolares e visitantes de Vila Velha detalhes sobre a evolução do planeta e a formação geológica da região, além de apresentar registros paleontológicos dos Campos Gerais, a biodiversidade da área e sinalizar as trilhas do parque. "A fundação emprestaria apenas o acervo. É uma pena que tenha ficado parado. Tem que ter muita fé para acreditar que o museu será aberto", diz Bigarella. Para o professor, a administração do espaço deveria ficar a cargo do governo estadual.

De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), o governo estuda a constituição de uma parceria público-privada (PPP) para gerenciar o museu. A análise conta com a participação de técnicos da Sema, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e da Secretaria de Planejamento. Não há prazo para que isso seja concluído.

Painéis

Outro projeto que deixou de ter o apoio do Estado é uma campanha de sinalização e identificação de sítios geológicos do Paraná, encabeçada por pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Desde 2012, os painéis que ajudam a explicar – do ponto de vista geológico e paleontológico – como era o território paranaense há milhares de anos deixaram de ser confeccionados e a manutenção dos já existentes foi suspensa. Em todo o estado, há cerca de 40 painéis explicativos que foram elaborados entre 2003 e 2012. Segundo o diretor-presidente da Mineropar, José Antônio Zem, não há previsão de se fazer mais murais. "Foi uma campanha. A missão já foi cumprida", comentou.

Os sítios geológicos paranaenses começaram a ser levantados pelo Serviço Geológico do Paraná (Mineropar) nos anos 1990, quando a Unesco recomendou que os países mapeassem seus cenários geológicos para compor um mapa mundial. Até hoje, cerca de 40 geosítios foram mapeados e acredita-se que ainda há muito território a ser explorado e descoberto. "Portugal tem um quarto da área do Paraná e tem cerca de 300 geosítios. No Paraná, acredito que deve haver em torno de uns 500 pontos", considera o geólogo da Mineropar Gil Piekarz.

Geoparque

Para levar o conhecimento geológico a uma gama maior de pessoas, os professores da UEPG propuseram a criação de um geoparque nos Campos Gerais. Um mapa geológico do município de Tibagi, que é considerado o mais representativo na região, foi confeccionado em 2010. A ideia de criar um núcleo de geoturismo em Tibagi foi apresentada à prefeitura, mas as negociações cessaram com a mudança de gestão em 2012. Contudo, parece que a vontade de criar o núcleo ainda existe. "Já recebemos estudantes de Geologia de várias partes do Brasil e nossa ideia é despertar o geoturismo", comenta a coordenadora de eventos da Secretaria Municipal de Turismo, Juliana Rezende Nogueira.

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