Uma pesquisa publicada em março revelou que o brasileiro tem ido menos à biblioteca. Os números do levantamento feito pelo Instituto Pró Livro mostram que o total de pessoas que empresta livros ou faz pesquisas nesses ambientes caiu de 10% para 7%,entre 2007 e 2011. Nesse contexto, nem as universidades ficaram imunes à queda. Embora haja motivos legítimos para preocupação, é possível ir além das interpretações mais pessimistas. O aparente desinteresse pelos livros não significa necessariamente o abandono da leitura, pode sinalizar uma migração para os textos digitais.
Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), por exemplo, a biblioteca do câmpus Curitiba emprestou, em 2011, cerca de 11,7 mil livros a menos do que em 2010. Por outro lado, cerca de 400 títulos de livros eletrônicos passaram a ser oferecidos aos universitários no ano passado. Desde então, os estudantes fizeram quase 5 mil downloads de capítulos avulsos. A novidade também substitui as tradicionais fotocópias, preferidas por muitos alunos por facilitarem a leitura apenas do que será cobrado nas provas, sem a necessidade de ler livros na íntegra ou sequer carregar volumes com centenas de páginas.
O chefe do Departamento de Bibliotecas da universidade, Adriano Lopes, destaca a boa aceitação do formato eletrônico, mas alerta sobre os perigos no excesso de confiança nos meios digitais, especialmente na internet. "Há uma perda de foco na estratégia de buscar informação. As pessoas não têm se preocupado muito com a fidedignidade das fontes."
Campeões de empréstimo
Alguns cursos tradicionais, no entanto, parecem não se deixar seduzir pelas facilidades sem papel. Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o curso de Direito é o campeão de empréstimos todos os anos e não há sinais de queda no interesse dos alunos pelos livros. Em média, os estudantes do curso retiram das prateleiras cerca de 2,7 mil livros por mês. Para ter uma ideia do quanto esse total representa, o segundo lugar no pódio dos que mais emprestam livros na PUCPR pertence ao curso de Medicina, com uma média mensal de 1,3 mil exemplares a metade dos futuros juristas.
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