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De acordo com Regina Miche­­lotto, mesmo com a existência de cotas ou bônus para alunos de escolas públicas, cursos de maior prestígio, como Medicina ou Engenharia, costumam atrair menos candidatos de baixa renda. "Alguns cursos exigem que o aluno tenha livros caros e só estude, porque as aulas são em horários diferentes", afirma. Aluno de Direito na UFPR, Michael Dionísio de Souza conta que a concorrência de alguns cursos e a aura criada em torno das instituições públicas fazem com que alunos mais pobres não se vejam como potenciais candidatos. "Sempre estudei em escolas públicas de periferia. Do meu colégio, nos últimos dez anos, dá para contar na mão quem entrou na universidade. O mais comum é nem tentar a Federal", diz.

Para Wilson Mesquita de Almeida, a exclusão começa na educação básica: enquanto nas escolas particulares os alunos têm acesso a informações sobre os vestibulares e os conteúdos cobrados nas provas, nas públicas nem sempre há essa preocupação. Além disso, há professores que não acreditam na capacidade dos alunos e os desestimulam a continuar os estudos. Essa postura, em contrapartida, pode despertar a vontade de superar os obstáculos. "Tive professores fantásticos, mas sempre tem aquele que entra na sala, olha para os estudantes e fala que nós não vamos a lugar nenhum", afirma Michael.

Quando decidiu prestar vestibular, ele pegou todos os boletins do ensino médio e foi de cursinho em cursinho para pedir uma bolsa. Acabou conseguindo um desconto de 90% no Positivo. A aprovação exigiu muito esforço e organização do tempo. "Eu acordava às 2h30 da manhã e estudava das 3 às 7 horas. Depois ia para o colégio, almoçava e começava o cursinho. As aulas iam até 18h30 e eu dormia por volta das 20 h", descreve.

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