As universidades estão cada vez mais atentas para inibir a prática do plágio em monografias, dissertações e teses um problema que compromete a imagem do pesquisador e da instituição por ter aceitado um trabalho acadêmico que não é inédito. Entre as punições adotadas quando a cópia é comprovada estão a anulação do trabalho, a suspensão do estudante ou até a sua expulsão. Sem falar na possibilidade de o aluno ter de responder a acusações na Justiça por quebra de direitos autorais.
As formas mais comuns adotadas pelos professores para identificar o plágio são o uso de ferramentas de busca na internet e de programas de computador que têm essa finalidade específica. Entre os adeptos desses recursos estão docentes do FAE Cento Universitário e das universidades Positivo (UP), Federal (UFPR), Católica (PUCPR) e Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Entretanto, não é exagero dizer que no Centro Universitário Curitiba funciona um verdadeiro esquadrão antiplágio. Assim que a monografia é entregue ao setor responsável, ela é submetida a um software desenvolvido por um professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) na modalidade "rigorosa". Depois disso, três funcionários estão escalados para fazer a verificação manual uma pesquisa dos trabalhos em sites de busca na internet.
"Quando trechos suspeitos são encontrados, imprimimos e entregamos direto para o orientador do trabalho, que é quem decide se é caso de erro de formatação ou de plágio", explica Eloete Camilli Oliveira, supervisora de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). E isso não é feito às escondidas. Antes de cada semestre, todos os alunos ficam sabendo dos procedimentos adotados.
Verificador
Nas aulas de Metodologia da professora Faimara do Rocio Strauhs, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), os próprios alunos podem passar seus trabalhos pelo software Farejador de Plágio (FDP). "É suficiente, é barato e é ligado à internet. A base de dados é atualizada quando se coloca on-line", conta.
Faimara diz que os alunos se interessam em usar o programa, mas não deixam de brincar com a sigla dele. "Alguns chamam [o programa] de outras palavras que têm as mesmas iniciais e já ouvi até falarem que está sendo desenvolvido um programa que possa anular o verificador de plágio. A verdade é que, depois que passamos a usar o antiplágio, esses casos diminuíram em 80%", revela.
Depois que foram noticiados os investimentos de quatro universidades cariocas em ações antiplágio duas instituições adquiriram softwares com esse intuito, outra criou um departamento voltado à investigação dos casos e a quarta elaborou uma cartilha informativa , a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) também resolveu fechar o cerco a quem não entrega trabalhos com conteúdo original.
"Já temos um programa de livre acesso, mas ele é limitado. Só compara textos quando os dois estão na internet. Agora estamos na fase de escolha de um novo software e devemos entrar em contato com a UFRJ para saber qual é a melhor opção no mercado", conta Rozangela Curi Pedrosa, diretora do Departamento de Inovação Tecnológica, que investiga, por ano, pelo menos quatro casos de denúncia de plágio oficializados na universidade catarinense.
Combinação explosiva
O plágio em si não é novidade em trabalhos científicos, contudo, a prática ganhou força com o avanço da internet e também com a própria característica dos estudantes. De acordo com o professor de Políticas Públicas do FAE Centro Universitário Dennys Robson Girardi, a combinação entre o perfil da geração Y e a infinidade de informações da internet impulsionou o crescimento do plágio. "Eles [alunos] querem facilidade e resolução rápida e a internet tem muitos sites que vendem trabalhos prontos. Pela falta de tradição e de experiência em pesquisa, os estudantes acabam com o problema do plágio", afirma.
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