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Há 50 anos, João Goulart foi deposto pelos militares que instauraram um regime ditatorial no Brasil a partir do golpe de 1964. Quem nasceu após o restabelecimento de direitos civis e da democracia – caso de boa parte dos vestibulandos – deve se perguntar: como um tema que gera tanta discussão pode aparecer no vestibular ou no Enem?

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No edital do Enem de 2013, constam como conteúdo as ditaduras políticas na América Latina, o Estado Novo, a luta pela conquista de direitos civis, humanos, políticos e sociais, sem qualquer referência a "golpe". Além disso, a matriz de referência da prova de Ciências Humanas estabelece algumas competências que podem ser ligadas ao tema, como "analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder" e "analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas".

Mas tem um porém nisso tudo: o aniversário do golpe e a importância do fato para o Brasil rendem tanto pano para tanta manga que podem levar o tema para além das provas de História ou Ciências Humanas. O cinquentenário pode motivar uma questão em uma prova de Literatura ou Geografia. Pode suscitar um tema de Redação ou estar relacionado a assuntos de Sociologia ou Filosofia – e o Enem adora um assunto interdisciplinar.

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"Há diversos pontos que podem ser explorados. Um deles é a volta do discurso de direita. As pessoas perderam a vergonha de defender publicamente teses de direita. Pode-se fazer um link com democracia, liberdade de pensamento, voto universal", cogita o professor de Filosofia do Grupo Unificado Marco Jordão.

Redação

Dizer que o golpe será o tema da prova de Redação é dar um tiro na lua – até porque é mais provável que os avaliadores não tentem ir além da manobra dos militares, tirando a discussão do nível "sou contra" ou "sou a favor". Uma dissertação é uma reflexão a respeito de um fato ou mesmo de um comportamento, lembra a professora de Redação do Unificado Luisa Canella.

"É interessante pensar em qual seria a pergunta que motivaria o texto. A prova pode abordar o significado do golpe, além do óbvio da ditadura, tratar da falta de liberdade de expressão, comparar a juventude da época com a que saiu às ruas no ano passado ou mesmo abrir para questões filosóficas", sugere Luisa.

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