Orientada pelos professores, Samantta Pires Xavier, 17 anos, vai prestar o vestibular para Pedagogia na Universidade Federal do Paraná. Como está cursando o 2.º ano do ensino médio, no entanto, mesmo que tenha nota suficiente para passar, Samantta terá de esperar mais um ano até encarar os gabaritos novamente e se tornar caloura da Federal. "Vai ser bom ver como funciona o vestibular, mas só de pensar nisso já fico um pouco nervosa", conta.
A tensão de Samantta é compartilhada por outros estudantes do 2.º ano que têm dúvidas sobre a experiência de ser "treineiro" termo utilizado para designar aqueles que ainda não concluíram o ensino médio e participam do processo seletivo como forma de treinamento. A resposta dos psicólogos a essas incertezas é ir adiante, tomando cuidado para que esse "treino" não tenha efeito contrário e prejudique os estudos.
"Às vezes a expectativa pode virar frustração depois de um mau desempenho e isso pode gerar ainda mais dificuldade para enfrentar o vestibular", diz a psicóloga Mari Angela Calderari Oliveira, professora de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. "Por isso, quem ainda não terminou o terceirão não deve ficar desanimado se não for bem, afinal ainda não está totalmente preparado para isso e terá a chance de obter um resultado positivo no futuro", lembra.
Prática
Para aproveitar ao máximo a oportunidade como treineiro, o estudante deve estar atento para o tempo de prova, os procedimentos de aplicação do vestibular, o rigor do controle de circulação de pessoas, o correto preenchimento do cartão-resposta e até a melhor forma de passar a limpo as resoluções. "Participando, os treineiros conseguem tirar a aura de mistério do vestibular", afirma Cristina Valéria Bulhões Simon, da Coordenadoria de Processos Seletivos da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Na instituição, dos 25 mil candidatos do último concurso, quase 1,3 mil estavam fazendo como treineiros.
Os cursos com maior número de treineiros na UEL são Medicina e Direito, mas Biblioteconomia também tem destaque. "Como as disciplinas da segunda fase são iguais nos cursos de Direito e Biblioteconomia, muitos escolhem a segunda opção para ter mais chances de chegar à segunda fase, pois a concorrência é bem menor", explica.