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São Paulo - As chuvas que assolam o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, causaram morte e destruição em novembro. O excesso de água infiltrou-se pelos morros desflorestados e repletos de casas. A falta de vegetais que absorvessem o excesso de águas fez com que os solos dos morros se encharcassem, e desmoronassem. Resultado: 135 mortos, milhares de desabrigados e seis desaparecidos. Foi a pior enchente que atingiu o estado em 34 anos.
Os moradores ficaram sem água potável, luz, telefone e ainda sofrem com o desabastecimento. Em 48 horas, sete municípios decretaram estado de calamidade pública: Blumenau, Ilhota, Gaspar, Rio dos Cedros, Nova Trento, Camboriú e Benedito Novo. Outros sete decretaram situação de emergência (Piçarras, Canelinha, Indaial, Penha, Paulo Lopes, Presidente Getúlio e Rancho Queimado).
Em todo o país, houve mobilizações para arrecadação de mantimentos para serem encaminhados aos abrigos. Em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou diversas medidas para amenizar a situação, como a liberação do FGTS para as vítimas. Os meteorologistas explicam que a associação da elevação da temperatura e a influência de uma frente fria causaram chuva rápida e de forte intensidade em várias localidades do estado, principalmente em Blumenau e Itajaí.
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"Aqui, todos são iguais"
Por Marcos Xavier Vicente, jornalista da Gazeta do Povo
O que mais me chamou a atenção nos quatro dias que trabalhei na cobertura da catástrofe em Santa Catarina foi a amplitude do desastre. Acostumado a entrevistar pessoas pobres vítimas de enchentes, foi a primeira vez que vi famílias de classe média e alta na situação de flagelados.
Tive a real noção disso quando fui pautado para fazer matéria sobre como estavam vivendo os flagelados. No abrigo do Bairro da Velha, em Blumenau, vi pessoas de posses dormindo lado a lado de moradores de ruas, comendo na mesma mesa com gente procurada pela polícia. Na entrevista com a assistente social responsável pelo abrigo, a dura realidade: "Aqui, todos são iguais", disse-me ela, referindo-se à dificuldade em manter as pessoas de poder aquisitivo no abrigo em alguns casos a polícia precisou intervir para mantê-los lá. Afinal, essa gente nunca imaginou perder seus bens.
Ao entrevistar um professor que estava com a esposa e a filha ainda de colo no abrigo, me veio à cabeça a imagem dos flagelados do Furacão Katrina em 2005. Ele me disse que alguns dos flagelados saíam do abrigo para trocar as roupas doadas por pedras de crack. Tal e qual no estádio de Nova Orleans, onde houve uma onda de assaltos e até estupro, o medo de perder o pouco que restou era grande. Mas dessa vez não era para a fúria da natureza.
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