Torcedor baleado segue internado na UTI
Passados 17 dias da barbárie no Couto Pereira, o estudante de gastronomia, Anderson Rossa Moura, de 19 anos, segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, em Curitiba. O torcedor foi atingido na cabeça por um tiro de bala de borracha disparado por uma arma da Polícia Militar durante a confusão generalizada depois da partida entre Coritiba e Fluminense, em 6 de dezembro, pela última rodada do Campeonato Brasileiro de 2009.
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Quatorze pessoas envolvidas no tumulto ocorrido no estádio Couto Pereira no último dia 6 foram denunciadas pelo Ministério Público do Paraná (MP) por delitos que vão desde invasão de campo e lesão corporal até tentativa de homicídio por motivo fútil. A ação penal foi protocolada na Justiça na terça-feira (22), mas só foi divulgada na manhã desta quarta (23). Os promotores Rodrigo Chemim, Fábio Guaragni e Aline Bilek solicitaram a prisão preventiva de seis dos denunciados, todos por acusação de tentativa de homicídio qualificado, e tiveram o pedido acatado pela Justiça.
Segundo Chemim, as denúncias foram feitas apenas contra os acusados de invadir o gramado do estádio e de agredir policiais militares. Outros envolvidos no tumulto, que teriam apenas atirado objetos a partir das arquibancadas ou participado de outros atos violência pela cidade, ainda são investigados e devem ser alvo de denúncias posteriores, de acordo com o MP.
Foram denunciados por tentativa de homicídio Adriano Sutil de Oliveira, o Adrianinho, Allan Garcia Barbosa, Gilson da Silva, Reimackeler Alan Graboski (vice-presidente da torcida organizada da Império Alviverde), Renato Marcos Moreira e Sidnei César de Lima. Destes, Barbosa, Silva, Graboski e Moreira já estão presos preventivamente desde por conta de uma decisão da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba. Adrianinho está foragido.
"Essa denúncia pega um corte específico do que aconteceu no dia 6 no estádio Couto Pereira. Ela está voltada especificamente para confrontos com policiais militares. É um período de mais ou menos três minutos. Procuramos individualizar as denúncias com a utilização de imagens e outros depoimentos", explicou o promotor Fábio Guaragni, em entrevista coletiva.
O próximo passo do MP é apresentar denúncia contra os envolvidos no incidente em Pinhais, na região de Curitiba, no dia do jogo Coritiba e Fluminense. Uma bomba caseira foi arremessada para dentro do ônibus coletivo onde estava a enfermeira Tânia Regina da Silva. Ela teve três dedos amputados por causa do artefato.
"Até pedimos ajuda da população, pois não localizamos nenhum dos envolvidos no caso da bomba. O que sabemos é que cerca de 30 pessoas participaram de quebra-quebra naquele dia em Pinhais", lembrou o promotor Rodrigo Chemim.
Além das 14 denúncias, o MP encaminhou para transação penal outras seis pessoas que não constam da denúncia protocolada na terça-feira.
Cinco dessas pessoas são acusadas apenas pela invasão do campo (sem indícios de participação em outros crimes). Oswaldo Dietrich foi acusado de contravenção penal de "vias de fato" (agressão). Em imagens da tevê, o funcionário do departamento de marketing do Coritiba aparece aplicando uma rasteira em um torcedor que invadia o gramado do Couto Pereira.
A transação penal é uma medida para casos de crime de menor potencial ofensivo em que a pena é igual ou inferior a um ano. Em casos anteriores, a penalidade aplicada foi a proibição de entrada em jogos dos três times da capital, por um período de até um ano.
Quebra-quebra
O tumulto do qual as 14 pessoas são acusadas de participar começou no estádio Couto Pereira, logo após o rebaixamento do Coritiba para a Série B do Campeonato Brasileiro, e tomou as ruas da capital paranaense. Pelo menos 18 pessoas ficaram feridas, incluindo um rapaz que teve traumatismo craniano, um policial que chegou a ficar inconsciente no campo e uma mulher que perdeu três dedos após a explosão de uma bomba caseira atirada contra um ônibus.
O quebra-quebra rendeu ao Coritiba a maior pena já registrada no futebol brasileiro. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) determinou a interdição do estádio Couto Pereira até que sejam atendidas melhorias de segurança a serem determinadas pela CBF. Depois de cumprida esta pena, passa a valer a cassação de 30 mandos de campo, válida para os jogos da Série B e da Copa do Brasil. Além disso, o clube terá de pagar multa de R$ 610 mil. O Coritiba apresentou recurso, mas o julgamento definitivo, no Pleno, ocorrerá somente entre janeiro e fevereiro.
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