No intervalo de sete dias, a seleção brasileira sub-20 sofreu com dois casos de racismo dentro do Sul-Americano da categoria. No jogo contra o Uruguai, Marcos Guilherme foi chamado de "macaco" por um adversário. Contra a Argentina, o alvo foi pulverizado entre vários jogadores, vítimas de ataque da torcida.
A CBF não fez nada. Ou melhor, fez. Lamentou não ter provas em vídeo sem fazer muito esforço para encontrá-las. E mandou Marcos Guilherme ter cautela nas declarações. O reflexo foi percebido domingo, depois do clássico com a Argentina. Difícil saber se o constrangimento maior era pela derrota, pela ofensa racial ou por não poder reclamar abertamente da perseguição. Ou a combinação disso tudo.
No mesmo jogo com o Uruguai, em nome de buscar o resultado, Alexandre Gallo mandou para o espaço toda a história de formação de time, de desenvolver uma escola que sirva de suporte para a seleção principal. Trocou os poucos jogadores com talento tipicamente brasileiro por tanques de guerra (Yuri Mamute à frente) para suportar o jogo com os uruguaios.
Os dois episódios cruzados mostram qual a real seleção brasileira que está sendo construída pela CBF. Esqueça o discurso de desenvolver o trabalho de longo prazo ou resgatar o DNA do futebol brasileiro. Continua valendo a história do vencer a qualquer custo, mesmo que seja com um futebol incapaz de construir qualquer legado. E com jogadores submissos, que aceitem qualquer tipo de humilhação, não se posicionem nem tragam problema extracampo. Meros cumpridores de tarefa que entretenham o público e tragam dinheiro aos seus senhores. Afinal, para a CBF, não convém incomodar os uruguaios, que certamente estão tratando a cartolagem brasileira com muita cordialidade, comida de primeira, bebida selecionada e boas companhias.
Gol de Petraglia
Foi um gol de Mario Celso Petraglia a conversa com o Paulo André, uma das melhores cabeças do futebol brasileiro, porém persona non grata da cartolagem. Paulo André formaria uma ótima dupla de zaga com Gustavo. Seria um grande exemplo técnico e profissional para meninos como Cléberson, Léo Pereira e Ricardo Silva. E, como várias ações de Petraglia, funcionaria como um belo marketing para o Rubro-Negro. Qualquer clube brasileiro que contratar Paulo André atrairá uma parcela significativa da opinião pública que simplesmente não aceita mais a forma como o futebol brasileiro é administrado. E de quebra melhoraria a visão que se tem do Atlético, uma verdadeira Coreia do Norte por causa da mão de ferro de Petraglia e das cortinas fechadas para parte da imprensa. Não deve acontecer agora, mas já valeu demais a tentativa.
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