Havelange
O ex-presidente da Fifa, João Havelange, rompeu o seu tradicional silêncio e destoou de apelos que defendem uma reforma urgente na entidade. O brasileiro saiu em defesa do velho clero da organização, disse que votaria em Joseph Blatter, se fosse autorizado. "Houve uma evolução no futebol mundial, sobre todos os aspectos, financeiro, disciplinar e técnico", disse.
Ontem, na véspera da eleição presidencial, a pressão sobre a Fifa por conta dos casos de corrupção cresceu a tal ponto que a sua própria festa vivenciou uma série de críticas e pedidos por reformas. Federações, o Comitê Olímpico Internacional (COI), patrocinadores, deputados europeus e o governo suíço fizeram coro por mudanças na organização.
Isso após dez dos membros do Comitê Executivo da Fifa estarem envolvidos em denúncias de compra e venda de votos, recebimento de propina ou de nada fazerem para lidar com as denúncias. O escândalo culminou nas acusações de negociação de votos para a atual eleição.
A pressão levou a uma mudança de discurso do presidente Joseph Blatter: em vez de enfrentar críticas, admitiu anunciar medidas hoje, quando deverá ser reeleito. Mas os ataques não foram suficientes para mudar as práticas da Fifa. A maioria dos cartolas se esquivou de dar explicações em Zurique.
O início da pressão começou com a Inglaterra. Sua federação pediu o adiamento da eleição. Blatter é candidato único porque o catariano Mohamed bin Hammam foi afastado acusado de comprar votos. A apelação do árabe só será analisada após o pleito. Assim, o suíço fica até 2015.
A reivindicação inglesa também tem pouca chance de se concretizar. É necessário o apoio de 156 delegados de um total de 208, mas só Escócia e Irlanda do Norte apoiaram oficialmente a iniciativa dos ingleses. Até asiáticos, que ameaçaram boicotar a eleição, vão participar. A federação inglesa justifica sua medida com base nas acusações "contra o Comitê Executivo" e "a falta de transparência" na eleição. O presidente da Uefa, Michel Platini, não apoiou. "Não pediram na reunião [da Uefa]. Por enquanto é blá, blá, blá de jornalista."
Depois, Visa e Emirates Airlines, patrocinadores da Copa, fizeram discursos de repreensão pelos casos de corrupção Coca-Cola e Adidas já haviam feito o mesmo. A pressão cresceu ainda mais durante a festa de abertura do congresso da Fifa.
De início, o próprio Blatter admitiu a necessidade de mudanças. "Pensei que vivíamos em um mundo de fair play. Infelizmente, não é o caso. Porque a famosa pirâmide da Fifa tem incertezas em sua base", analisou. E prometeu falar sobre como combater "os perigos para o futebol", hoje, durante o congresso da entidade.
Esse clima gerou uma comemoração da Fifa de poucos aplausos. "Eu achei que isso era uma festa?", disse a cantora jamaicana Grace Jones, 63. Ninguém riu da pergunta. Em meio à crise, um momento da festa de abertura do congresso da Fifa tornou-se bizarro. Em sua apresentação, Grace Jones, que usava um maiô com fio dental, sentou-se no colo do vice-presidente da Fifa, Julio Grondona, 79. O argentino mostrou-se constrangido. Suspensos, Jack Warner e Mohamed bin Hammam não foram à festa.
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