Anos de planejamento para a segurança da Copa do Mundo da África do Sul significam que há poucas chances de um ataque surpresa semelhante ao que vitimou a seleção togolesa na Copa Africana de Nações em Angola, de acordo com a polícia e analistas.
A emboscada sofrida pela seleção de Togo em uma região turbulenta de Angola, que matou dois jogadores da seleção, inevitavelmente suscitou perguntas sobre segurança no maior evento de um esporte único no mundo, que acontecerá este ano em um continente frequentemente marcado por imagens de caos.
Mas a polícia, especialistas em segurança e os organizadores da Copa dizem que, apesar da possibilidade de qualquer grande evento esportivo atrair ações de extremistas em busca de publicidade, África do Sul e Angola são totalmente diferentes.
"A África do Sul possui um aparato de segurança muito eficaz, provavelmente o mais eficaz do sul da África", disse Sajjan Gohel, diretor internacional de segurança de um instituto de pesquisas de Londres, a Fundação Ásia-Pacífico.
"Mesmo assim, bastaria um evento terrorista específico para semear o caos no próprio torneio. Seria ingenuidade total supor que a África do Sul pudesse ser imune a isso."
Em parte porque perigos como esses são levados tão a sério, o planejamento de segurança para a Copa começou em 2004. A polícia diz que o incidente que marcou a Copa Africana de Nações não é motivo para rever os planos.
"Temos nossos planos prontos, planos tanto pró-ativos quanto reativos", disse o superintendente sênior Vishnu Naidoo, porta-voz nacional da polícia para a Copa do Mundo.
A África do Sul já sediou outros grandes eventos esportivos com êxito, incluindo a Copa do Mundo de Críquete em 2003 e a Copa do Mundo de Rúgbi em 1995.
Pelo menos 13 bilhões de rands (1,8 bilhão de dólares) foram gastos com novos estádios e infraestrutura para a Copa, que começa em 11 de junho e durará um mês. O orçamento de segurança não foi divulgado, mas haverá 52 mil policiais fazendo a segurança, e as delegacias de polícia nas regiões de alta criminalidade ganharão reforços.
A África do Sul não tem violência política, como na província de Cabinda, em Angola, onde separatistas que há três décadas travam uma guerra de baixa intensidade contra o governo abriram fogo contra o ônibus da seleção togolesa.
Mas a criminalidade comum é uma preocupação grande para os organizadores da Copa. A África do Sul tem um dos maiores índices mundiais de homicídio e estupro. Cerca de 50 pessoas morrem diariamente de morte violenta no país.
Analistas dizem que medidas suficientes foram tomadas para garantir a segurança dos atletas e das dezenas de milhares de torcedores cuja chegada é prevista.
"Estamos acompanhando de muito perto os preparativos da polícia para a Copa do Mundo e estamos muito bem impressionados com as medidas de segurança", disse Jakkie Cilliers, diretor executivo do Instituto de Estudos de Segurança da África do Sul.
Algumas seleções -- incluindo as dos EUA e Inglaterra -- são vistas como potenciais alvos de grupos militantes islâmicos interessados em atacar o Ocidente.
A África do Sul ainda não foi alvo de ataques de extremistas. Desde o fim do apartheid, em 1994, o país aderiu a uma postura diplomática fortemente independente e tem feito críticas contundentes às ações ocidentais no Oriente Médio e outras regiões.