Após polêmica, Espanha se diz vítima de complô

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Mesmo uma seleção que há cinco anos domina o futebol mundial se agarra à estratégia de enxergar teorias da conspiração para desestabilizá-la. Um dia depois de a polícia pernambucana revelar que o roubo a cinco jogadores da Espanha, no Recife, estaria relacionado a uma noitada com garotas de programa, a Roja partiu para o contra-ataque.

A Federação Local divulgou uma nota e escalou para falar com a imprensa um dos atletas mais queridos pelos seus torcedores, Sergio Ramos. Nos dois pronunciamentos, a defesa veemente do grupo e indiretas sobre um complô.

"Não vão desestabilizar de forma alguma a atuação esportiva da equipe espanhola, mas sim despertar a indignação dessa federação porque só se pretende fazer dano, gratuitamente, ao bom nome dos jogadores da seleção espanhola", diz o comunicado da Real Federação Espanhola de Futebol. "Não se pode brincar com a imagem de um país como a Espanha, nem com a família e os filhos dos seus jogadores", reforçou Ramos, em entrevista coletiva.

O incidente ocorreu no dia da estreia da Espanha na Copa das Confederações, contra o Uruguai, no Recife. Segundo a versão da Federação Espanhola – oficializada só no comunicado de ontem –, enquanto a equipe estava no estádio, foram furtados pertences e dinheiro no equivalente a mil euros no hotel.

Foi registrado boletim de ocorrência e a polícia vinha trabalhando com a hipótese de o furto ter sido praticado por funcionários, até ter acesso a imagens do circuito de segurança do hotel. As câmeras flagraram mulheres saindo do quarto de um dos jogadores. A partir da nova linha de investigação, os agentes apuraram que o crime ocorreu durante uma partida de strip pôquer entre os jogadores e garotas de programa. As informações foram divulgadas pelo site GloboEsporte.com, o que potencializou a revolta espanhola.

"Está nas mãos da polícia. Dormimos muito tranquilos, de consciência limpa. Não se pode inventar algo assim, pois nos causa problemas a nível pessoal. Não estamos aqui para festejar, mas para mostrar nosso futebol. Viemos para ganhar o título, não para virar comentários de gente que mente", rebateu Ramos.

Os veículos de comunicação da Espanha reforçam a defesa. Além de não reproduzir detalhes da noitada, só abriram espaço para o caso quando os espanhóis começaram a se defender. A transmissão da coletiva via Twitter da Federação omitiu as respostas sobre o tema, procedimento seguido no site da entidade. A única pergunta de um jornalista espanhol sobre o episódio foi se tudo não se tratava de uma estratégia brasileira para desestabilizar a equipe.

"Não sei se é uma estratégia deles [brasileiros], mas não seremos desestabilizados por coisas e comentários sem importância", disse o zagueiro.

A defesa vem em meio à revelação de outro caso similar. Após o jogo de domingo, contra a Nigéria, os jogadores ganharam folga. A maioria seguiu para uma casa noturna de Fortaleza. Na volta, um deles teria arrebanhado garotas de programa pela Avenida Beira-Mar para levá-las ao hotel. Os seguranças barraram a entrada e chegaram a parar uma mulher que teria furado o cerco no elevador, já no andar reservado à delegação. Revoltados, atletas atiraram sabonetes, controles remotos e garrafas de água pela janela dos quartos.

A Gazeta do Povo apurou que não foi registrado boletim de ocorrência do caso. Hotel e seleção espanhola resolveram tudo internamente e, oficialmente, ambos negam a confusão.

"É mentiroso quem tenta se fazer conhecido inventando histórias sobre a melhor seleção dos últimos tempos. Seguimos todos a trajetória limpa e honesta que nos trouxe até aqui", discursou Ramos.

Do lado da Itália, adversária da Espanha na semifinal, o caso foi tratado com bom-humor. "Espero que estejam cansados", brincou o meio-campista Claudio Marchisio.