A grandiosidade do próximo Atletiba está na caracterização das consequências do resultado. Não é um jogo de requinte técnico. O Rubro-Negro, todos sabem, vive uma tragédia técnica como poucas vezes em sua longa existência. Um time fraco, desalmado, desanimado e repetente em vários testes já feitos neste campeonato. Ainda assim o jogo é temido pelo Coritiba, sabidamente melhor, mais forte e, sob qualquer ótica, superior ao adversário.

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Aí entra o toque mágico que estimula o torcedor e que torna o clássico único nos seus desdobramentos. Que ninguém duvide da associação entre a obrigação de ganhar e a participação incendiária da torcida atleticana. São os fatores sobrenaturais do confronto. O poder de transformar um time tecnicamente inexpressivo em gigante diante do rival bem dotado, mas sujeito aos percalços desta vida carregada de surpresas.

A humilhação de ser rebaixado dentro do santuário construído para fazer do Atlético uma equipe imbatível é uma razão motivadora. Pode valer tudo, menos perder para o adversário histórico diante de olhares perplexos de torcedores fanáticos, com sede e fome de permanecer na Série A do Brasileiro.

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O Coritiba, mais antigo e curtido pelo tempo de alegrias e tristezas, sabe das provações duras que já experimentou. A mais recente o rebaixamento para a Série B e os sacrifícios vividos depois dos trágicos acontecimentos após o jogo contra o Fluminense em 2009. Hoje, quem vive tormento semelhante é o Atlético. A história da vida de cada um tem peculiaridades muito particulares. Aí está o lado insólito do Atletiba de do­­mingo na Baixada. Não se trata de uma partida no meio do campeonato. É a partida do campeonato.

É o desespero para sobreviver e a rara emoção de chegar à Copa Libertadores. É a singularidade do grande jogo, que, com características tão particulares, sem exagero, é o clássico de dois guerreiros em situações inusitadas.

Não pensem os torcedores na exteriorização de instintos selvagens. O resultado deve ser encarado com naturalidade, apesar da paixão desabrida dos dois lados. Que esse Atletiba se inscreva na história do clássico e do futebol paranaense pelas emoções majestosas e a conduta limpa que en­­grandece os que já são gigantes pela qualidade. Mas com espaço para subir os degraus mais elevados e reservados aos que sabem enfrentar a glória de vencer e a tristeza de perder com nobreza reservada somente aos que compreendem o sentido da vida terrena.

Feliz Atletiba, como um prenúncio da alegria do Natal e do ano novo. Até lá.

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