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O homem que se destaca encontra dificuldade para sair de cena no momento certo. Ou, por outra, não raras vezes, mesmo desgastado como líder ou ídolo, o sujeito é impelido a continuar, ora por vaidade pessoal, ora pelo receio do ostracismo – mas principalmente pelo incentivo dos áulicos já que os verdadeiros amigos apresentam o conselho apropriado.

Todos sabem que o poder embriaga e distancia a pessoa da realidade. Chega a ser chocante acompanhar o desgaste político ou moral de personagens que tiveram relevância. Basta correr os olhos pelo noticiário para observar o apodrecimento de tanta gente que não aprendeu a arte de saber parar: Mubarak, Kadhafi, Fidel Castro, Hugo Chávez, Bashar Asad e, por ter comandado uma autêntica democracia, Silvio Berlusconi, que se imaginava o último dos Césares.

Quando caiu o bufão italiano, Steven Colbert, um dos mais populares gozadores políticos da televisão americana, não resistiu à tentação de acoplar o revertério de Berlusconi à onda de protestos que agitou a Tunísia, o Egito e mais oito ditaduras vizinhas: "A onda acaba de atingir o país mais atrasado e corrupto do Oriente Médio", anunciou Colbert em seu show noturno, dando uma pausa para identificá-lo: "...a Itália".

Se a Itália tivesse mantido a Líbia e a Etiópia em seus domínios, a piada seria adequada do ponto de vista geopolítico. No esporte não é diferente, tanto que raros são os astros que escolhem com sabedoria e equilíbrio o momento para o afastamento da ribalta, distanciando-se dos holofotes para o retiro, abraçando o merecido descanso após a realização de carreiras bem sucedidas.

Pelé foi um exemplo positivo: deu adeus a seleção brasileira e ao Santos no auge, para ganhar verdadeiramente dinheiro em sua vitoriosa aposentadoria no Cosmos, de Nova York. Temos visto alguns craques que insistem em alongar a carreira, mas que sofrem as consequências do desgaste físico ou da falta de cuidados para manter a técnica em alto nível.

Diversos jogadores aproveitam o surgimento de novos mercados para faturar mais um pouco, o que é justo e compreensível. Em determinados lugares do Leste europeu, do Golfo Pérsico ou da Ásia as exigências são menores e aqueles que nasceram com o dom de jogar bem futebol esticam o máximo que podem. Decidem jogar até que as pernas aguentem, mesmo correndo riscos de criticas menos edificantes e até mesmo comentários que denigrem um passado glorioso. Mas é o preço que se paga.

Ronaldo, sempre festejado como atleta que desafiou os dramas das inúmeras lesões sofridas, despediu-se após protestos da torcida corintiana no fracasso da Libertadores e manteve a coroa de bom moço na cabeça. O mesmo não se pode dizer de Ronaldinho Gaúcho e Adriano, que provocam constantes dores de cabeça nos técnicos e dirigentes, desagradando os torcedores e fãs.

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