Acostumado com o maior estádio da capital e a comemorar sucessivos títulos de campeão, o Coritiba destacou-se no cenário paranaense. Desde a década de 1980, porém, o seu mais tradicional rival indicou que as coisas estavam começando a mudar, retirando os clássicos do Alto da Glória, na tentativa de viabilizar o Pinheirão. Ao mesmo tempo em que se processava verdadeira revolução com a volta do Atlético à Baixada, o grande concorrente emitia modestos sinais de transformação. Na realidade, os desencontros políticos e os dramas financeiros continuam atrapalhando a gestão coxa-branca até hoje.
Para entender a crise do Coritiba basta fazer uma cronologia dos últimos anos. O problema agravou-se quando a Arena da Baixada foi escolhida para a Copa e passou a receber benefícios fiscais, potencial construtivo e empréstimos oficiais. Os dirigentes do Coxa se omitiram quando deveriam ter sido ousados, exigindo os mesmos benefícios ao colocar a sua praça esportiva como alternativa para treinamentos das seleções visitantes. Agora, mesmo sem qualquer ajuda oficial ou da Fifa, o time terá de jogar fora de casa algumas partidas do Campeonato Brasileiro porque seleções da Copa treinarão no Alto da Glória. Faltou à diretoria visão estratégica e arrojo político, limitando-se a censurar e a criticar as vantagens obtidas pelo Atlético.
Nem mesmo os títulos estaduais recentes e as boas campanhas na Copa do Brasil foram suficientes para diminuir a ansiedade da torcida, que simplesmente não aceitou a omissão dos gestores na expansão patrimonial.
Seguindo cronologicamente a crise, vieram as infelizes trocas de treinadores, desde a saída de Marcelo Oliveira e o agravamento das relações entre o atual presidente e os jogadores, culminando com a carta aberta logo depois do tempestuoso desligamento do atacante Deivid. Alex, o ídolo maior da torcida, não poupou críticas em todas as ocasiões e admite pendurar as chuteiras sem um projeto ambicioso do clube. Se Grêmio e Palmeiras foram ágeis na construção de arenas ao perceberem a distância que ficariam dos adversários, o Coritiba manteve-se imóvel e começa a sentir a dificuldade de motivar o torcedor a virar sócio.
Além da renda do futebol e de produtos relacionados, a linha de shows representará receita significativa aos proprietários das novas arenas, e não dá mais para ignorar o peso do esporte no orçamento de grandes empresas. Patrocínios na área movimentam bilhões de reais anuais e são responsáveis por fatia considerável para a sobrevivência dos clubes.
Falta de planejamento e decisões emocionais, como se observa no Coritiba e no Paraná Clube, tendem a não atingir o objetivo. E sem uma arena moderna e uma gestão atualizada, os clubes terão longo aprendizado pela frente para transformar as suas marcas em um negócio rentável.
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