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Faltou pouco para o árbitro britânico Howard Webb es­­tragar a final da Copa.

Pressionado pelos erros de diversos colegas durante o torneio, ele deve ter se preparado para evitar a controvérsia e não ser desmoralizado pelo telão do Soccer City. Em compensação, se cometeu poucos equívocos técnicos, constituiu-se em verdadeiro desastre na parte disciplinar.

A certa altura o jovem carecão parecia perdido em campo, meio sem saber como conter a violência dos jogadores holandeses que tentavam equilibrar as ações na base dos pontapés. Como os espanhóis não se fizeram de rogados, o jogo virou uma carnificina, com farta distribuição de cartões amarelos. Apenas um vermelho, no final da pugna – a palavra pugna é apropriada para o jogo Holanda e Espanha.

Depois que Xabi Alonso levou um pezaço no peito e o juiz mostrou apenas cartão amarelo para o agressor, fiquei um tanto preocupado, já que os carrinhos estavam liberados desde o início.

Carrinhos que povoaram a Copa inteira, tolerados pelos árbitros internacionais que atuaram debaixo do nariz da cúpula da Fifa nos estádios. A violência tornou-se banal e, mais grave, esta sendo encarada com normalidade pelos apitadores.

A International Board, que mexe especificamente com as regras do futebol – aliás, que não mexe com as regras do futebol – e a Fifa continuam insensíveis à violência que aos poucos vai tomando conta do jogo e reduzindo a capacidade criativa cada vez mais rara dos jogadores.

Os dirigentes da entidade passaram a admitir o uso da chamada bola inteligente, adaptada com chips para indicar quando ultrapassou a linha do gol. Por enquanto, só isso. Nada para melhorar a in­­terpretação da lei do impedimento por parte dos auxiliares, outra dor de cabeça que tem atrapalhado o desenvolvimento do futebol.

Como os jogadores correm mais e as bolas estão se tornando mais velozes, os bandeirinhas não se cansam de marcar impedimentos de maneira equivocada.

Os bons jogadores tornaram-se peças raras no futebol moderno e quando aparece alguém que sabe jogar, que possua arte para exibir e enriquecer o espetáculo, é atacado pelos brucutus. O campo de jogo é cada vez mais hostil, mais inóspito, para quem entra para jogar, para criar ou para dar show de bola. Ao mesmo tempo em que é cada vez mais propício, mais acolhedor, para quem entra para não deixar jogar e para obstruir o espetáculo.

Estamos vivendo a era do antijogo, do aumento progressivo de faltas e carrinhos, e a Fifa e a Inter­­na­­­­tional Board permanecem ce­­gas. Numa atitude arrogante, os dirigentes dessas associações, se vangloriam da tradição das regras, defendem a tese de que elas não necessitam de mudanças, de atualização. Todos os esportes já se adaptaram às novas exigências tecnológicas – menos o futebol. O velho e rude esporte bretão.

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