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Depois do vendaval inicia-se a reconstrução. Faz parte da natureza humana.

Do apito final do árbitro no último domingo até o momento em que o amigo leitor debruça o olhar sobre estas linhas passaram-se sete dias. Foram dias amargos para o Coritiba e sua grande legião de torcedores.

A amargura veio, num primeiro momento, pela queda do time à Segunda Divisão. A segunda vez nos últimos quatro anos, algo inimaginável para o clube centenário de tantas conquistas e tradições no futebol. Mas a queda tem explicação.

A amargura veio, de maneira mais dura e difícil de ser absorvida, logo a seguir quando algumas dezenas de jovens "torcedores" invadiram o campo e foram agredindo as pessoas e destruindo tudo o que encontraram pela frente. Foi uma selvageria que não tem qualquer identidade com a festa do futebol. A barbárie foi chocante.

A queda do time foi provocada pelo baixo rendimento nas três últimas partidas, enquanto os adversários diretos passaram a vencer e a somar pontos.

Em um ano de muitas promessas não cumpridas, entre elas o discurso dos dirigentes, o torcedor não estava preparado para a extrema derrocada. Sobretudo, por causa do técnico Ney Franco, afirmando que o clube se classificaria para a Copa Sul-America­­na, mesmo ganhando em cima da hora e com extrema dificuldade dos dois Atléticos.

O Coxa viu-se entre os rebaixados ao final da última rodada para não sair mais.

Empolgados com a fantasia criada em torno do centenário, mas contrariados com os fracassos nos campeonatos disputados durante o ano, os torcedores foram represando as suas desilusões até que não se contiveram mais e apelaram para a ignorância no ato final.

Outro fator que influiu na desesperada e irracional reação do torcedor coxa-branca foi o chamamento para que ele ajudasse a evitar o rebaixamento. Primeiro, com o seu grito de guerra no apoio a equipe; de­­pois, com a infeliz decisão de diminuir o preço do ingresso para apenas R$ 5.

Na Inglaterra, para acabar com os terríveis hooligans, além de novas leis e de completa reestruturação no relacionamento entre clubes e torcidas – deixando claro aos torcedores os limites ditados pela civilidade sob pena de duras punições aos clubes –, um fator determinante foi o aumento do preço dos ingressos.

Os hooligans deram lugar aos torcedores educados, às mulheres e às crianças transformando o ambiente nos estádios.

A esmagadora maioria dos membros das torcidas organizadas faz parte do tipo de torcedor que não dispõe de recursos para pagar o ingresso mais caro. A redução do preço foi um convite à valsa.

Mais grave é o fato de as torcidas organizadas ainda privarem de privilégios porque metem medo nos dirigentes, porque são temidas. Mas, pouco a pouco, elas serão empurradas para fora dos estádios que não devem ter mais alambrados, fossos ou espaços para pessoas antissociais.

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