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Em vez de apenas colaborar como associado e torcer pelo time de coração, o torcedor ganhou nova dimensão no futebol. Muitos passaram a ser torcedores profissionais, com a conivência dos dirigentes dos clubes que fornecem cobertura logística para deslocamentos em jogos fora da sede, doam ingressos e aceitam a concorrência na venda de artigos identificados com o clube.

O tempo passou, as torcidas organizadas se fortaleceram – sendo que algumas delas possuem mais sócios do que os próprios clubes – e aumentou a agressividade no futebol na mesma proporção da violência nas grandes cidades.

Agora chegou a hora da ruptura e o pontapé inicial, diante da magnitude dos dramáticos acontecimentos verificados no Alto da Glória, foi dado pelo presidente do Coritiba. Acuado por uma facção de torcidas organizadas, o presidente Jair Cirino re­­solveu denunciá-la, apontando-a como principal responsável pela tragédia de domingo.

O problema maior do Brasil continua sendo a impunidade. As leis não atendem os clamores da população, tanto no caso de políticos corruptos quanto de infratores de trânsito ou simples torcedores que exageram em suas manifestações nos dias de jogos importantes do futebol.

Nem mesmo a morte de torcedores ou os enfrentamentos nas ruas, nos terminais de ônibus ou em qualquer outro lugar sensibilizaram as autoridades a ponto de mudar o enquadramento le­­gal dos baderneiros que, na realidade, ao cometerem atos de vandalismo, transformam-se em criminosos comuns.

Novos rumos

O Campeonato Brasileiro indicou mudanças no conceito de administrar as equipes a também na avaliação do trabalho dos profissionais. Muitas máscaras de técnicos renomados caíram, en­­quanto outros, menos histriônicos, se destacaram pela eficiência.

No que concerne à parte ge­­rencial, ficou claro que os times envolvidos com grupos de investimento deram-se mal, com destaque ao Palmeiras, que se perdeu no meio do caminho. A antiga fórmula de uma diretoria composta por pessoas ligadas ao clube com vivência no futebol e respeito ao torcedor ainda é válida. O segundo passo é a escolha correta e a avaliação competente do desempenho dos profissionais.

Nesta parte, houve transformação com o aproveitamento de treinadores interinos que deram certo, realçando-se Andrade, que se sagrou campeão no comando do Flamengo, sem esquecer de Jorginho, que teve melhor aproveitamento do que os estelares Lu­­xemburgo e Muricy no Pal­­meiras. O discreto Ricardo Gomes saiu-se bem no São Paulo, tanto quanto Silas no Avaí ou, sobretudo, Cuca no Fluminense.

Cuca foi o maior vitorioso, mesmo tendo apenas conseguido salvar o seu time do rebaixamento. Mas foi quase um milagre de São Genaro. Habituado ao trabalho braçal ao lado do pai, na adolescência, no bairro de Santa Feli­­cidade, Cuca começou jogando no Iguaçu, o eterno rival do Tries­­te, e consagrou-se como atleta profissional e técnico de respeito. Campeão carioca pelo Flamengo e herói da salvação no Flumi­­nen­­se, o curitibano Cuca vive o auge de sua carreira.

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