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Mário Celso Petraglia voltou a ser o foco das atenções ao expor suas ideias nesta Gazeta do Povo. Polêmico como sempre, ele conseguiu provocar suspiros em alguns e indignação em outros. Todos, porém, reconhecem a sua inteligência e, sobretudo, a capacidade para criar fatos novos.

Todos sabem que estive muito próximo de Petraglia – quando popularizamos a Rádio CBN e lançamos a Rádio Banda B – e distanciei-me por divergências exclusivamente relacionadas à gestão do futebol. Discordei, em meus comentários, da contratação excessiva de jogadores para gerar fluxo de caixa em vez da manutenção de um elenco enxuto, com time forte e competitivo que se destacou como força emergente do futebol brasileiro.

Na entrevista, sutilezas que diferenciam os planos de situações com características distintas entre o dirigente comum e o fora de série, mas que se entrelaçam no embaraçado novelo do futebol paranaense.

A vitalidade de Petraglia reside no pressuposto de que sem missão não há homem. Ou, por outra, sem um projeto ambicioso ele não se anima em participar, daí a proposta da Arena Atletiba, um moderno estádio para atender os dois grandes clubes e alavancar o futebol de uma vez por todas.

Genial na teoria, entretanto impraticável diante dos interesses conflitantes entre Atlético e Cori­­tiba. De saída, o Atlético não precisa da ajuda de ninguém para concluir a Arena da Baixada de acordo com as necessidades da sua torcida. Quanto à Copa do Mundo, em nenhum momento a Fifa exigiu uma Arena em terceira dimensão.

Os atleticanos não aceitariam a fusão de interesses com o Coritiba e os coxas não aceitariam trocar o tradicional Alto da Glória pela Baixada.

Esperar a injeção de dinheiro público diretamente na iniciativa privada é sonho.

Basta lembrar que ao presentear os tricampeões mundiais com Fuscas, através da prefeitura de São Paulo, Paulo Malluf está pa­­gando a conta até hoje.

Que a Federação Paranaense de Futebol deveria só cuidar do futebol amador não resta dúvida, mas os clubes profissionais não conseguem fazer nada com competência para mudar o panorama.

Tem razão Petraglia ao afirmar que crescemos durante um momento pontual, quando os grandes clubes nacionais estavam se reorganizando e entendendo a nova realidade empresarial do futebol.

O Atlético pecou ao mudar o percurso trocando a contratação de grandes jogadores por uma batelada de jogadores medianos, que, obviamente, transformaram-no em uma equipe mediana.

Por má gestão, Coritiba e Paraná tiraram pouco proveito do período, tanto que se encontram na Se­­gunda Divisão.

Que alguma coisa precisa ser feita para salvar o futebol paranaense todos sabemos. E também sabemos que as nossas misérias verdadeiras são íntimas e causadas por nós mesmos. Acreditávamos erradamente que elas vinham de fora, mas elas estão aqui dentro e ao nosso alcance.

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