O futebol brasileiro continua assombrado pelas imagens da invasão do campo de torcedores do Coritiba, após a queda do time para a Segunda Divisão. Pelo resultado do julgamento no STJD, as coisas tendem a mudar. Se na política a bandalheira e a impunidade seguem intocadas, no futebol parece que as autoridades esportivas estão seguindo nova tendência: a punição sem restrições.
Deve ser resultado da decisão da Fifa de eliminar o quanto antes os alambrados e os fossos que separam os espectadores dos atores do espetáculo futebolístico. A orientação é clara e a sociedade latino-americana terá de adaptar-se à nova realidade sob pena de os clubes pagarem alto preço pela violência.
No caso do Coritiba, a pena foi condizente com o tamanho da agressão. Ou seja, agredir um árbitro, conforme os regulamentos da Fifa, é a falta mais grave que pode ser cometida por um jogador ou qualquer outra pessoa dentro de campo: equivale ao sequestro com morte do Código Penal Brasileiro. Consequentemente, é caso de pena máxima.
Na Europa, os tribunais esportivos sempre foram rigorosos, enquanto que, por aqui, desde a última terça feira no aguardado julgamento do caso Coritiba estabeleceu-se nova jurisprudência.
De agora em diante vamos acompanhar atentamente os próximos passos das autoridades e dos dirigentes esportivos.
Os estádios escolhidos para a Copa de 2014 passarão por completa reforma e outros com dinheiro público serão construídos. E todos não terão mais alambrados e muito menos fossos, valendo a decisão para os demais estádios do planeta.
Só para exercitar a curiosidade neste domingo preguiçoso com a aproximação do Natal, imaginemos uma partida decisiva do Vasco em São Januário sem alambrado, ou um erro de arbitragem contra o Corinthians no Pacaembu sem alambrado.
Sinceramente, não tenho a mínima ideia do que possa acontecer. Ou, talvez, tenha sim, mas esteja com medo de que ela se torne realidade diante do comportamento de milhares de torcedores, membros ou não de torcidas organizadas.
O torcedor de futebol deste lado de baixo do Equador em determinadas circunstâncias parece acometido do que se poderia chamar "síndrome de Sansão" a figura bíblica que derrubou as colunas do templo para fazê-lo desabar sobre si e os inimigos que o haviam capturado.
Antes de eliminar os tradicionais aparatos de segurança em todos os estádios, seria recomendável que as autoridades e os dirigentes esportivos iniciassem amplo programa de reeducação do povo e do torcedor. Inclusive com a distribuição de uma cartilha que oriente o apaixonado torcedor a respeito dos novos modos exigidos para assistir jogos de futebol.
Se não houver profundo trabalho de conscientização muitos outros clubes sofrerão as mesmas penas impostas ao Coritiba e o futebol continuará servindo de cenário para a barbárie.
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