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Enquanto os torcedores compram e vestem a camisa dos seus times, se associam para ajudar os clubes, vibram e sofrem com os jogos, os dirigentes passam o tempo reclamando da grave crise que se abateu sobre o futebol brasileiro.

Bem antes do humilhante 7 a 1 da Alemanha, o nosso futebol vinha emitindo sinais de decadência técnica, mas, sobretudo, de má administração na CBF e nos clubes, que agora desnudam a penúria geral.

Salários atrasados de jogadores e funcionários passaram a fazer parte do cotidiano, porém não se observa nenhum movimento para mudar as coisas, a não ser por parte do Bom Senso FC e da Rede Globo, que demonstram preocupação com o panorama sombrio do futebol.

Os dirigentes, ao contrário, aprovaram o mesmo esgarçado calendário para a próxima temporada e apenas reclamam do baixo nível técnico das arbitragens, mas também não tomam providências efetivas para provocar mudanças e não sabem explicar o esvaziamento dos estádios. Os clubes continuam sendo prejudicados pela convocação de jogadores para a seleção com os campeonatos nacionais em andamento. Apenas as novas arenas conseguem atrair plateia maior por motivos óbvios e que escancaram o novo perfil do público, que de torcedor se transformou em consumidor, exigindo conforto, segurança e boa prestação de serviços.

Dissimulados, os cartolas não gostam de tratar da situação financeira dos clubes abertamente, limitando-se a dizer que "a coisa está feia" ou "precisamos da ajuda do governo para refinanciar as dívidas". Mas o circo – mesmo mambembe com torneios e campeonatos que beiram a indigência técnica – continua bombando, com arbitragens danosas, jogadores apenas esforçados e treinadores que falam melhor na tevê do que na apresentação do trabalho durante os jogos.

Nem mesmo as duas vitórias da seleção convocada por Dunga serviram para melhorar o astral. Antes, pelo contrário, serviram para reforçar a constatação de que a seleção brasileira saiu da primeira linha mundial e, pelo andar da carruagem, levará alguns anos para recuperar o prestígio.

Ainda assim, desde que se inicie agora um profundo trabalho de modernização nas categorias de base, mudança na atitude dos treinadores que ficaram ricos e deixaram de estudar as transformações que se processaram na preparação tática, técnica e até mesmo física do futebol europeu e, insistindo, a criação de um calendário anual racional que privilegie os profissionais e não somente os interesses da máquina de fazer dinheiro, propiciada pela gigantesca engrenagem dos espetáculos esportivos com grandes patrocinadores e redes mundiais de televisão.

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