Espero que o Brasil jogue como Brasil, vença a Costa do Marfim e mostre a sua verdadeira cara.
Claro que a seleção pode chegar ao título sem um futebol empolgante, como aconteceu na conquista do tetra, ou com a Itália na Copa passada. Mas a torcida conta com apresentações que resgatem a alegria e a tradição do futebol brasileiro.
A Copa do Mundo é um torneio que movimenta 32 países na primeira fase, após a qual metade se classifica e a outra metade volta para casa. Daí em diante, é só jogo mata-mata e segue em frente quem tem mais garrafa vazia para vender.
Sempre foi uma roleta russa, tanto que nem sempre a melhor equipe conquistou o título.
A história dos 80 anos de Mundiais está repleta de casos em que times que apresentaram futebol maravilhoso verdadeiros shows acabaram caindo nas semifinais ou finais, entregando o título de bandeja para adversários menos virtuosos, porém mais eficientes no mata-mata.
Os puristas do futebol suspiram quando lembram das seleções brasileiras de 1950 e 1982 que encantaram as plateias e ficaram sem o merecido título, tanto quanto a Hungria de 1954 ou a Holanda nas campanhas de 1974 e 1978. Os franceses choram até hoje as oportunidades perdidas pelas inspiradas gerações de Fontaine e Platini, que só se tornaram realidade com mestre Zidane.
Os primeiros resultados na África do Sul, algumas surpresas, poucos craques reluzentes, confirmam que a ditadura tática imposta pelos técnicos está se sobrepondo à criatividade dos jogadores.
Por isso que estilistas como Messi, Rooney, Cristiano Ronaldo, Kaká, Robinho e outros continuam representando a esperança dos amantes do futebol clássico bem jogado.
Mas contar com o craque, com aquele personagem fora de série, não dá garantia de conquista do título a ninguém. O futebol é ardiloso e a bola, cheia de caprichos, surpreende e arrebata quando menos se espera.
Como torneio rápido e enxuto, a Copa do Mundo parece-se cada vez mais com os desafios da roleta-russa. É preciso ter sorte e coragem para vencer.