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O futuro chegou e as coisas evoluíram tão rapidamente que hoje em dia existe consultoria para tudo o que se possa imaginar.

Se a pessoa não sabe se vestir, basta recorrer à chamada consultoria de estilo. A pessoa que não sabe amar tem todo o direito de recorrer à consultoria do sexo. E tanto faz se o aprendizado se dá por leitura, falação, remédios, workshop ou prestação direta de serviços amorosos.

Talvez a infelicidade humana diminuísse bastante, quiçá quase desaparecesse, caso existisse no mercado o serviço de torcida pessoal.

Da mesma maneira que existem torcidas organizadas para incentivar os times de futebol, vôlei, basquete, comícios, etc., poderia haver a torcida individual. Vamos imaginar um sujeito acanhado, retraído e com leve complexo de inferioridade. Pronto, os seus problemas acabaram; e não seria preciso re­­correr aos préstimos das Or­­ganizações Tabajara. Bastaria contratar algumas pessoas que paparicassem o cara com problemas de relacionamento, enchendo a bola do tímido o tempo todo, melhorando o seu astral e aumentando a autoestima com doses cavalares de puxassaquismo. Restaria descobrir se o incentivo pago teria o mesmo valor do espontâneo. Para quem acha que a vida não passa de incessante troca de mensagens via internet, twitter e outras modernas ferramentas à disposição de todos, não há diferença.

Os cínicos promovem trocas de briefings e check-lists, massageando diariamente o próprio ego.

Quando o indivíduo sente-se emocionalmente resolvido, sem necessidade de análise ou coisas semelhantes, pode se sentir à vontade e correr para a galera. A vida esta aí mesmo para ser vivida na plenitude, sem medo de ser feliz.

Empresários, liberais, executivos, enfim, uma enorme gama de profissionais se sente realizada pelo próprio trabalho que desenvolvem. São os chamados vitoriosos na carreira, que, além do sucesso profissional, conquistam poder, enriquecem e realizam todos os sonhos de consumo.

Lideram o pelotão de injustiçados os professores. Os professores do ensino público brasileiro merecem o apoio e a torcida de todo mundo. Passam a vida carregando o fardo que a família e o governo não querem suportar. Eles têm a missão de transformar amebas e monstrinhos em gente, de preferência educada.

Há tempos cumprem a obrigação, motivada pela vocação, em troca de desprezo generalizado. Dinheiro, nunca tiveram, e cada vez têm menos. Prestígio um dia houve; hoje só encontram rancor. Deveriam ao menos contar com a maior torcida do mundo por desempenharem com dedicação a nobre missão de ensinar.

Por isso sorrio com o canto da boca quando ouço os jogadores de futebol se referindo aos técnicos como "professores". No futebol os "professores" re­­ce­­bem supersalários, possuem superpoderes, posam de super-heróis e erram à vontade.

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