Enquanto muitos atleticanos mantinham um fio de esperança na configuração de nova atuação arrebatadora do time alternativo escolhido pela diretoria no confronto final diante do time principal do Coritiba, em pleno Alto da Glória lotado e com Alex – disparado o melhor jogador do campeonato – comandando as ações em campo, os torcedores coxas preparavam a festa de mais um título consecutivo.

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Os garotos do Atlético entraram em campo visivelmente sem a concentração e a pegada dos clássicos realizados no Boqueirão. Um pouco pelo fato de ser a "negra", na casa do poderoso rival, e muito pela semana tumultuada com os rompantes do principal dirigente do clube. Nem mesmo a falha do goleiro Vanderlei e o gol inicial serviram para estabilizar os nervos, ajustar os setores e injetar a confiança necessária para encarar o palco colorido de verde e branco. Escaparam por pouco de sofrer uma goleada histórica, sobretudo no segundo tempo, quando o Coxa impôs o ritmo e submeteu o adversário a todos os seus desígnios.

A comemoração foi ruidosa e merecida, afinal não é todo dia que um clube comemora o segundo tetracampeonato da história, confirmando aquilo que venho dizendo e escrevendo há anos: "O Coritiba pensa melhor o futebol do que o Atlético". Basta verificar os acontecimentos através dos tempos: enquanto o Coritiba, com muitos ou poucos recursos financeiros no momento, sempre procura formar uma equipe com cabeça, tronco e membros, minimamente competitiva para tentar ganhar o título estadual, dar alegria ao seu torcedor e tocar o resto do ano com dignidade; o Atlético a cada ano promete alguma coisa nova ao seu torcedor, porém demonstra inabilidade para formar times fortes – as exceções apenas confirmam a regra – e teima em misturar política clubística com expansão patrimonial em prejuízo do futebol. Até mesmo a diretoria que prometeu "menos tijolos e mais investimentos em chuteiras" saiu-se tão mal que colocou o time na Segunda Divisão nacional.

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Festejam os coxas, lamentam os rubro-negros, pois todos reconhecem que o único título ao alcance dos nossos times é mesmo o de campeão estadual. Pelos modestos investimentos em craques e planejamento claramente emocional, as possibilidades nos demais títulos em disputa representam espasmos de sucessos esparsos através dos anos.

Vida que segue, com a bola rolando sem parar pela Copa do Brasil e, daqui a dez dias, pelo Campeonato Brasileiro, aquele que os nossos times disputam com a preocupação de não serem rebaixados. Talvez os dirigentes locais verborrágicos em suas inflamadas manifestações pudessem se inspirar no latim, uma língua sábia que inspirou grandes homens no passado: "Errare humanum est, perseverare autem diabolicum" (Errar é humano, perseverar, diabólico).