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Não há como separar a política interna dos clubes da produção dentro de campo nas vésperas de eleições. Além do Vasco da Gama, que já elegeu o populista Eurico Miranda, outros sete grandes clubes do futebol brasileiro, têm eleições marcadas para os próximos dias. Coritiba e Palmeiras, ambos caindo pelas tabelas, vivem a efervescência da disputa eleitoral, e ao mesmo tempo a dramaticidade na luta contra o rebaixamento. É inevitável que uma situação contagie a outra.

Na roda viva do futebol, resultados negativos afastam torcedores e parceiros comerciais, e aí vem pressão interna de sócios e conselheiros, abrindo-se as portas, muitas vezes, para gestores menos responsáveis, ou ainda para outros sem preparo (Roberto Dinamite e Eurico se encaixam nos dois casos).

Ontem, aqui na Gazeta, saiu uma notícia de que o ex-jogador e atual presidente do Bayern de Munique, Rummenigge, antecipou em 16 anos a dívida contraída pelo clube com a construção do Allianz Arena. Isto é, em 2005 o Bayern fez um empréstimo de 346 milhões de euros para pagar em 25 anos, o que significa que o clube poderia saldá-lo até 2030. Muitos dirão que isso só acontece por lá, e que aqui nada é levado a sério. Também não é bem assim. O importante são os bons exemplos, seja onde for.

Aryon Cornelsen, no Coritiba, e Manoel Higino dos Santos, no Água Verde/Pinheiros, fizeram parte, por aqui, da chamada boa safra. O Coxa nos anos de 1950, com Aryon, foi um time vencedor, reconstruiu o estádio, e criou o Bolão Esportivo– precursor da Loteria Esportiva – que tomou conta da cidade.

Higino dos Santos, ao lado de Orestes Thá e Valdomiro Perini, foi o guru que transformou a água (verde) escassa, de meia dúzia de torcedores, no maior patrimônio social e físico, entre os clubes do Sul do país.

Existem por aqui, sim, pessoas que lidam com o futebol de forma responsável. Assim como, por lá, aparecem messias da envergadura de Bernard Tapie, por exemplo, bilionário francês que levou o poderoso Olympique de Marselha, tempos atrás, do céu para o inferno. Uma instituição forte não pode ceder todo um histórico para um narciso qualquer pelo fato de "estar" rico e famoso.

Penso que as eleições dos clubes de futebol não deveriam acontecer no fim das temporadas. Existem opositores maquiavélicos adeptos do "quanto pior, melhor". Colocam o ego acima dos interesses do clube.

Neste caso, vejo as eleições do Coritiba, dentro de um clima de respeito diplomático e construtivo, e sem nenhum risco desse tipo.

Já dentro de campo, se o angu tivesse sido bem feito, não teria caroço. Mas ainda dá para salvar a refeição. Resta ao chef, a alternativa de passar o angu na peneira, e aprender a lição.

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