Não sei se é falta de interesse ou de esperança, mas a verdade é que torcedores e eleitores não estão nem aí com o futebol e com as eleições. Bem diferente da mesma época fim de inverno, começo de primavera, no ano passado. A vitória na Copa das Confederações criava na ocasião uma expectativa positiva para o hexa do ano que vem (junho/julho deste ano), e que não veio. Já os movimentos de rua, que alimentavam uma sacudida na política social para as eleições de daqui a um ano (no outubro que está aí), hibernaram.
O inverno (sic) astral parece que se prolonga, e a temperatura política e esportiva permanece enrolada no edredom. Sei que devemos ter a força de superação, a resiliência, o pensamento positivo, mas a verdade é que não há clima para isso nos dias de hoje. Não vejo entusiasmo com relação aos jogos do Campeonato Brasileiro, e menos ainda para a opção do voto. No futebol, de fracasso em fracasso, Atlético, Coritiba e Paraná desabam como entulhos de caçamba. Na política, o busca-pé da corrupção estilhaça, humilha e envergonha. Tão forte ou maior do que o sete a um que tomamos na Copa.
Não é tão difícil detectar de onde vem tamanha descrença. No esporte, na política, em qualquer atividade, devemos ser práticos, porém alimentados pelo direito de sonhar "Uma vida não basta ser vivida. Ela precisa ser sonhada" (Mário Quintana). No futebol, com muito atraso, a Fifa quer proibir a compra de jogadores por fundo de investimentos. Justifica que, no fundo, os clubes se transformam em instrumentos de especuladores que só aumentam seus lucros com uma rotatividade alta dos jogadores, e não com seus desempenhos em campo. Nessa roda viva entram, com raras exceções, agentes, procuradores, dirigentes e técnicos. Enfim, o sonho único de hoje é o sonho dos cifrões. A ideologia única, o consumismo, o mercado. Quem está fora dessa confraria o torcedor, o eleitor, o cidadão comum , seguramente perde o encanto, desanima, se recolhe.
Tudo, porém, é cíclico. A natureza, por si só, revoluciona. Sementes que passaram o inverno todo debaixo da neve, dormente, germinarão na primavera, com o replantio de novos Teixeiras, Euricos, Caixas DÁgua, Onaireves, Malufes, Pittas, e outras espécies raras.
Luiz Alfredo Malucelli
A vida é eterna, mas suas expressões são efêmeras, momentâneas, transitórias. Quando partilhamos generosidade e bom humor, criamos abundância e alegria para todos. Esse momento de amor é valioso.
Malu, sua passagem deixou para nós todos familiares, amigos e leitores , esse precioso aprendizado do mestre Sidarta Gautama. Obrigado, amigo!
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