Nós brasileiros somos muito espirituosos para botar apelidos. O pessoal que vive no litoral então... sai de perto! Aqui ao lado, descendo a Serra do Mar, os vizinhos parnanguaras são imbatíveis nesse quesito. Basta um cacoete ou um trejeito qualquer para o sujeito ser catalogado. O mesmo acontece em Santos, no Rio de Janeiro ou em Florianópolis. Quase sempre são apelidos carinhosos e sem maldade. Não sei o porquê, mas talvez sejam os íons do mar os responsáveis pelo alto astral e por uma vida leve e carregada de bom humor, como só o litorâneo tem. A verdade é que quando o apelido é bem achado e puro, ele é bem aceito.
Assim nascem os apelidos familiares, os escolares e os de trabalho. O futebol também rotula e o brasileiro é único no mundo a usar tantos apelidos. Criou até identidade própria. Antigamente muito mais do que hoje. Didi, Vavá, Pelé e Zito encantaram o mundo pela arte da bola e pela simpatia do cognome. Hoje são poucos Ganso, Pato, Kaká, Dedé e mais um ou outro de destaque. E fica por aí. O diminutivo "inho" também tem patente nacional. Foram inúmeros os craques com este sufixo Zizinho, Julinho, Coutinho, Jairzinho, Ronaldinho, entre outros.
Acho mais atrativo um bom apelido do que essa avalanche de nomes compostos, ou sobrenomes comuns que invadiram os clubes e que confundem os narradores esportivos. Veja por exemplo a dificuldade que teriam os nossos amigos da "latinha" para transmitir um Atletiba com Renan Rocha, Bruno Costa, Marcelo Oliveira, Everton Ribeiro, Renan Teixeira, Bruno Furlan, Everton Costa, Renan Oliveira, Bruno Mineiro, Renan Rodrigues...
Há também muitos nomes iniciados com a letra "w": Wellington, Wanderson, Willian, Wesley, Wescley, Wadson, Warley, e por aí vai. Foram modismos de duas décadas atrás e que hoje se espalham no futebol. Uns até com ortografia duvidosa por conta do cartório ou de quem registrou o pimpolho na época. Aliás, a respeito disso, penso que todo adolescente deveria usar do direito em alterar, se assim preferisse, o seu nome de registro. Implantando ainda um apelido por sua conta. Assim como fez o ex-presidente ao oficializar o "Lula" (o badalado Messi trocou o Lionel por Leonel, mas aí ninguém percebeu).
Para descontrair e lembrar mestre Chico Anysio, criador do Coalhada fecho este tema com o time mais divertido que consegui selecionar, escalando apenas quem eu vi no futebol paranaense. Fica no esquema 2-3-5 e tem a base do Caramuru de Castro: Vai lá: Escovinha; Pé de Chumbo e Nhô Tó; Bafo, Badola e Zulu; Querosene, Zé Cadela, Amarelinho, Mandrake e Vespa.