Falam por aí que o futebol está chato. Será que é verdade? Pensando bem... eu até não havia pensado nisso. Não sei, mas se a paixão nacional está chata, imagina só se o esporte mais popular fosse, por exemplo, a peteca? Ou, para soar mais charmoso, badminton. Que tal um clássico de domingo com casa cheia para assistir a uma final de badminton?
Então não está, digamos, tão chato assim. Que delícia o Paraná Clube entrar outra vez na dança! A Copa do Brasil fez um bem danado pra todo mundo. Talvez não tanto assim para o calendário da federação, mas aí é o problema não é nosso. Amanhã no Alto da Glória não haverá espaço para torcedor rubro-negro. Nem é aconselhável se disfarçar. A paixão pode trair. Melhor aceitar as regras impostas.
Certa vez estive numa Copa das Confederações em Riad, na Arábia Saudita, onde era proibida a entrada de mulheres no estádio. Por sinal um dos mais bonitos que conheci. Nem banheiro feminino existia. Vai daí que uma colega nossa, a Cristina Cubero, do El Mundo Deportivo, de Barcelona, entrou. Vestiu uma burca e lá se foi. Era a única mulher entre os mais de 30 mil torcedores. Ninguém a molestou e um banheiro masculino foi adaptado para uso exclusivo da jornalista espanhola. Ela fez sua matéria e terminou tudo bem.
Sempre haverá uma primeira vez. Amanhã poderá ser o primeiro dia sem vandalismo pela cidade. Será? A polícia deve seguir por linhas curvas e surpreender. O ataque é nos terminais, mas os ovos de rapina estão em ninhos distantes. Nos mocós dos traficantes. A linha reta, neste caso, nem sempre é o caminho mais curto entre dois pontos.
Será que Marcelo Oliveira vai escalar Lucas Mendes para segurar Guerrón? E que tal se Carrasco surpreende escalando um Atlético convencional? Como são chatas as coisas previsíveis. Melhor esperar a surpresa do inesperado. Sem medo e sem angústia. Nos dias de hoje, Carlinhos Cachoeira roubou o espetáculo. Eclipsou o mundo dos famosos. Ofuscou Neymar, o Atletiba e até o Derosso. Os bandidos também surpreendem. Se o bicheiro quisesse, não duvido que traria a Olimpíada de Inverno para Curitiba...
O meio campo do Coritiba está opaco, sem brilho, mas o técnico não tem culpa. Imagine se o Corinthians vendesse por atacado Ralf, Paulinho, Willian e Danilo? Tite estaria treinando sabe quem? O Apoe, do Chipre. A bola deve ser acariciada como Paulo Baier e Tcheco a tratam. Com doçura. Como Davi, Leo Gago, Donizete e Marcos Aurélio a deslizavam. Como Harrison a conduz. O futebol precisa do requinte. Dos chapéus. Das curvas. E dos aplausos.
"Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva do encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuosos dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein" (Oscar Niemayer).
Cem por cento
Este é o ano do centenário de ícones como Jorge Amado, Luiz Gonzaga e Nelson Rodrigues. E a data de 21 de abril é mais forte ainda. Tiradentes, nosso mártir, é uma espécie de pai dos brasileiros. Meu pai biológico estaria completando hoje 100 anos. Com sua permissão, faço a ele minha louvação.
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