• Carregando...

Cem é um número mágico. Cem é o estado da água em ebulição. Cem anos de solidão é o romance latino-americano mais importante do século passado. Cem dias depois da posse, costuma-se avaliar o desempenho de um governo. O "cem" é hoje adaptado até pelo internetês para a comunicação – 100vergonha, 100noção, e por aí vai.

Sinto-me também no direito de usar este número para avaliar um campeonato que durou exato cem dias, depois da antecipada decisão do clássico de domingo passado. Então, sem o ranço de Pedro de Lara – um jurado de programa de televisão que costumava espicaçar os calouros com seu humor ácido; e sem a complacência de Márcia de Windsor – uma mulher sempre disposta a ficar de bem com todos, reflito sem emoções aquilo que observei em cem dias de futebol:

Corrigido o erro brutal da fórmula com supermandos e reparada a questão de entrega da taça no ato e no local da conquista, dá para dizer que a coisa caminhou melhor do que em anos anteriores. Tecnicamente, porém, não dá para afirmar o mesmo por conta do abismo de diferença entre Sua Alteza, o Coritiba, e os demais súditos. Foi pule de dez para um puro sangue que disparou sem piedade, empoeirando a raia de onze pangarés.

O quesito arbitragem não promoveu lambanças maiores e os protagonistas foram os mesmos de sempre: Heber, Roman e Braatz. Já o público foi salvo por conta dos sócios de Atlético e Coritiba, e pelo entusiasmo da hinchada do Operá­­rio, fieis a seus clubes em todos os jogos.

Quanto à criatividade, sou generoso: nota dois. Tudo o que se viu de "novo" ficou por conta de torcedores cobrando pênaltis; bolas enormes rolando entre as traves; e moçoilas sacudindo pompons coloridos (imitação das cheerleaders do futebol americano) e tentando animar um público jururu. Foi tudo uma grande chatice. Melhor seria dividir o campo em dois e colocar a criançada para jogar antes e nos intervalos dos jogos.

Os destaques individuais foram o maestro Paulo Baier, as revelações Dieguinho e Kelvin, o bom Mateus e os talentosos Davi, Marcos Aurélio e Rafinha. Estes artistas furaram bloqueios e driblaram campos congestionados de ervas daninha, buracos e ondulações. Os gramados do Ecoestádio, Arena da Baixada e Alto da Glória foram exceções.

Enfim, o campeonato deste ano acaba deixando saudades por parte do afinado time do Coritiba, tristeza pelo planejamento desastroso do Paraná Clube e esperança no crescimento dos clubes do interior. Resumindo, estes 100 dias foram talvez mais divertidos do que parque sem crianças, e seguramente mais saborosos do que sorvete de chuchu.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]