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O futebol é o esporte mais apaixonante do planeta e vibra em to­­dos os segmentos. É como o ar que respiramos. O clássico Coritiba x Paraná é discutido nos botecos, gabinetes, lupanares e até em colégios de freiras. Não há discriminação, falso pudor ou núcleos específicos. O futebol está em todos os cantos, despido de preconceitos.

É, mas nem sempre foi assim. Tempos atrás alguns clu­­bes brasileiros não aceitavam jogadores negros e os torcedores, por sua vez, iam para os estádios de terno, gravata e cartola. O elitismo no futebol acabou. Os tempos mudaram. O espaço ariano foi engolido por uma cultura holística, de­­mocrática e popular, felizmente.

Agora este ciclo incrível da vida alerta para uma nova transformação, desta vez por conta dos preços dos ingressos. Muito acima do razoável para o torcedor comum e bem abaixo daquilo que os clubes necessitam para manter um bom nível técnico – exigência, aliás, paradoxal do próprio torcedor. Por conta disso, os estádios mais parecem teatros, ficando seus assentos restritos a uma minoria que tem condições de pagar.

Por outro lado, a ópera, o ba­­lé e as filarmônicas investem na popularização dos seus segmentos, levando a imagem dos espetáculos para projeções instantâneas em salas de cinemas digitalizadas. O clássico está correndo atrás do mercado po­­pular. É a inversão de valores. São ondas à procura do mar. É o equilíbrio da natureza.

Vivemos momentos de transições, onde o popular também deve ouvir as lições do clássico. Há que se humanizar e diminuir a distância do torcedor com o ídolo, exatamente como Arthur Moreira Lima está fazendo. Ele, uma das mais importantes personalidades da nossa cultura, criou o projeto Um Piano Na Estrada, que leva a música erudita para lugares carentes do interior do país. Por que é que ídolos da bola – ricos e aposentados – como Romário, Zico e Ronaldo, não fazem o mesmo?

Uma forma de resgatar o torcedor comum – esmagadora maioria – seria flexibilizar os preços como fazem hotéis e companhias aéreas. Aqueles, baixando de acordo com a procura, e estas liquidando depois de esgotar as compras antecipadas.

O que não pode e nem deve é um estádio ocioso deixar centenas de curiosos do lado de fora. E, para dias de casa cheia, a projeção em circuito fechado de cinemas pode ser um fato novo.

Por enquanto a televisão aberta e a cabo, além do velho e romântico radinho de pilha, serão sempre alternativas bem-vindas para quem não conseguir entrar no Alto da Glória. Bom clássico a todos – seja ao vivo, na telinha ou mergulhado no imaginário.

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