Em dois dias seguidos, pude acompanhar clássicos deliciosos, em palcos de conceitos diferentes. A festa comemorativa de dois títulos, por duas torcidas rivais, e no conforto de um mesmo estádio, é um fato inédito no futebol. Durante e após o jogo de quarta-feira, em Belo Horizonte, a sensação era de final olímpica, onde todo mundo sai feliz. As razões, claro, eram outras, mas a atmosfera, o clima, o espírito era de Jogos Olímpicos.

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No dia seguinte, com rivalidade mais acentuada ainda, River Plate e Boca Júniores reviveram as emoções antigas, no lendário Monumental de Nuñes, absolutamente lotado – 60 mil pessoas -, mas desconfortável para os padrões atuais.

Se algum gênio da arquitetura criasse um coliseu para abrigar 300, 400 mil pessoas, clássicos assim teriam lotação absoluta. Quer dizer, desde que os cartolas não deixassem de vender 1/3 dos ingressos, como fizeram na decisão da Copa do Brasil, e em outros estádios depois da Copa do Mundo.

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Não faz sentido estádio, avião, auditório com espaço ocioso. Certa vez fui a São Paulo para entrevistar um dos maiores cantores, Johnny Mathis. Fiz a gravação pela manhã, mas não tinha ingresso para o show.

Mesmo assim, à noite fui ao teatro Excelsior para ver se conseguiria entrar. Os valores, no entanto, eram altos para os padrões da minha modesta diária. Havia muita gente aglomerada, e todos, como eu, esperando que o inesperado fizesse uma surpresa. A plateia que estava no auditório, segundo nos disseram era boa, mas não o suficiente para a grandiosidade do evento. O que passou a ser um problema para os organizadores. Dez minutos antes de começar o espetáculo, eis que as portas se abrem para nós, pobres mortais, profissionais, e fãs do artista.

Assisti assim, de graça, a um dos maiores shows, com final apoteótico, onde Johnny Mathis convidou Agostinho dos Santos, que estava na plateia, para subir ao palco e encerrar juntos cantando o clássico "Manhã de carnaval".

No caso de Cruzeiro x Atlético, o preço cobrado para o setor de primeira classe, foi exagerado. Faltou criatividade por parte dos promotores do jogo. Uma espécie de plano "B", para a ocupação dos espaços. Lamento não ter passado a eles, a alternativa agradável (para nós) no show de Johnny Mathis...

Que mal lhe pergunte

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Quando vejo perfilados jogadores dos clubes mineiros e gaúchos, todos com a publicidade máster de bancos locais – um privado, o outro estatal –, me lembro do Banestado. O investimento do "nosso" banco em patrocínio para os clubes paranaenses foi sempre muito tímido, mesmo no tempo das vacas gordas.

Não precisava ser muito. Bem menos do que os R$ 40 bilhões que foram roubados – e cujos processos prescreveram sem nenhuma prisão -, teriam reforçado o caixa do trio de ferro.

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