Alex é quem parte amanhã, levando saudades de uma profissão que ele soube exercer com perseverança, inteligência e alegria. Quem fica e pode compartilhar, ou simplesmente apreciar a sua refinada arte, tem mais é que agradecer aos céus.
Por uma questão profissional com a Gazeta do Povo, durante 20 anos de cobertura da seleção, tive mais contatos com Alex fora do Brasil (amistosos, Copa América, Copa das Confederações, Olimpíadas...), do que aqui. O foco do jornal sempre foi o produto local, o bicho do Paraná.
Lembro-me de uma pauta articulada para o encontro de Alex com Paulo Rink, no centro histórico de Guadalajara, no dia anterior ao jogo Brasil x Alemanha, pela Copa das Confederações, de 1999. Rink conseguiu liberação para sair, mas o chefe da delegação brasileira vetou a ida de Alex. Eu e o colega Moacir Domingues fizemos matérias isoladas de cada um sobre a partida.
Acredito que Paulo Rink, por uma questão de bom senso, tenha pedido para não jogar. Ficou no banco alemão.
Titular absoluto do time de Luxemburgo, Alex barbarizou em campo. Fez dois gols em apenas dois minutos na goleada por 4 a 0 sobre a Alemanha. Os 60 mil mexicanos que lotaram o Estádio Jalisco foram à loucura com o show do piá de Colombo.
Depois, na outra fase, contra a Arábia Saudita, Alex fez mais dois, terminando como o segundo goleador da Copa. Estas foram algumas, entre tantas, das melhores imagens que me lembro do craque.
Como Chaplin e Hitchcock, maiores diretores da história do cinema, e que nunca ganharam o Oscar como melhor "Melhor Diretor", Alex não participou de Copa do Mundo.
Alex foi uma verdade inquestionável, em meio a tantas mentiras que proliferam no futebol.
A conta do mentiroso
Esta é minha última coluna de 2014, ano que resumo como catastrófico para o futebol brasileiro. Não pela gelatinosa administração das entidades e dos clubes tão comum nas últimas décadas , mas sim pelo resultado em campo da seleção durante a Copa do Mundo.
Em 1950, a sensação foi de injustiça. O time era fantástico, e a perda do título foi ruim para o futebol como um todo. Mais ou menos como aconteceu com a Hungria de 1954, e o Brasil de 1982. Este ano não.
A surra de 7 x 1, em casa, é uma infâmia. Os atores principais (os jogadores, limitados, foram meros coadjuvantes), Scolari e Parreira, deram ar de cinismo ao invés de demonstrar vergonha, se é que vergonha para eles houve, diante da maior humilhação do futebol brasileiro em todos os tempos.
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