A correria com o Seminário da Copa em Florianópolis me permitiu acompanhar a cobertura do jogo mil de Alex pelo site da firma. Vitória do Coritiba, gol do Alex cobrando pênalti, foto com o pai no campo, filhos com ele no hino, beijo na Daiane antes de a bola rolar Cenas de uma noite que vai além da marca dos mil jogos, que, matematicamente, pode ser atingida por qualquer jogador de carreira longeva e poucas contusões. Raro é bater nos mil jogos como Alex. E não me refiro ao talento acima da média para bater na bola.
Alex tem seis times no currículo e é ídolo em quatro deles. Idolatria quase no sentido literal. Coxas, palmeirenses, cruzeirenses e, principalmente, os malucos torcedores do Fener têm devoção por Alex. Um feito que se torna ainda mais notável diante da personalidade do meia. Alex não é marqueteiro. Nunca beijou escudo para fazer média nem deixou de botar o dedo nas feridas do clube que defendia porque pegaria mal com alguém. Conquistou toda essa admiração com trabalho e respeito, a fórmula mais simples e ao mesmo tempo difícil de se alcançar que existe.
No caso específico do Coritiba, tornou real uma promessa que para muitos parecia ser só da boca pra fora, de voltar para encerrar a carreira no clube. Quem não duvidava, certamente achava que Alex só abriria mão de uma proposta melhor para jogar no Coxa quando mal tivesse condições de andar em campo. Está aí cada partida dele pelo clube para provar o contrário.
E como se não bastasse isso tudo, Alex ainda comprou com mais um grupo de jogadores a briga de tentar mudar o futebol brasileiro. Se para o torcedor o que vai ficar de Alex são os golaços e jogadas geniais, o grande legado que ele deixará para o futebol será o do Bom Senso FC. E quando os pontos centrais da pauta forem conquistados (o futebol brasileiro chegou a um ponto em que falar de mudança é dizer quando ela vai acontecer, não se), Alex garantirá ao seu nome uma imortalidade maior que os notáveis mil jogos atingidos na quarta-feira.
Exemplo grego
O Seminário da Fifa termina hoje com uma reunião operacional e uma coletiva em tom otimista. Curitiba está na Copa. As instalações complementares de Porto Alegre estão garantidas. Os estádios estão sendo finalizados. O governo federal confia no esvaziamento das manifestações até a Copa. São fatos que permitem otimismo, mas não baixar a guarda. Lembra a Atenas da Olimpíada de 2004. Atraso nas obras, correria, incerteza, gastos em progressão geométrica e, na última hora, tudo pronto. Então, os gregos baixaram a guarda, até serem castigados no último dia com o episódio da maratona. Uma lição para o Brasil manter atenção total até o último segundo da Copa. Se não aprendemos com os nossos erros (vide o Pan), que aprendamos com os erros dos outros.
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