A definição do papel de cada cidade na Copa do Mundo de 2014 abriu a temporada de caça às bruxas em Curitiba. Bons curitibanos que somos, estamos todos encostados em algum canto, de braços cruzados, cochichando as nossas versões para a figuração da Cidade Sorriso Amarelo no Mundial do Blatter e do Teixeira. Versões perfeitas, pois desde o começo todos sabíamos que ia acontecer exatamente isso. Como não nego a raça, também tenho minha teoria definitiva, da qual vou poupar os leitores. A agenda do Mundial está feita e, goste ou não do que foi reservado, Curitiba deve se preparar para ela.
Até aqui, a política determinou o tamanho de cada cidade na competição. É o que explica Brasília e Fortaleza terem mais destaque do que Curitiba, ou Belo Horizonte estar acima de Porto Alegre. E aqui falo de Copa do Mundo. Para a Copa das Confederações, pesou a capacidade que cada sede apresentou de entregar o estádio a tempo.
Agora a política sai um pouco de cena. Não há mais o que barganhar com a Fifa, o governo federal ou o Comitê Organizador. Há uma série de obras a conduzir, duas com importância fundamental: estádio e aeroporto. É nestas duas que a cidade deve se concentrar. Fazê-las com celeridade e transparência. As obras de mobilidade urbana deixam de ser escada para sonhos de receber partidas decisivas. Sobrou apenas o tal "legado" para a cidade, tão evocado ultimamente pelos políticos. Pois bem, deixar esse legado foi o que restou, é hora de cumprir.
Mesmo que a frustração por ficar com o mais modesto pacote do Mundial (e, sejamos sinceros, o máximo a aspirar a mais era um jogo de oitavas ou quartas), não se pode abaixar a guarda. Quem prometeu uma Copa de sonhos em Curitiba, que entregue. Quem irá pagar a conta (predominantemente nós, contribuintes), que fiscalize. É o que se pode tirar dos limões entregues ontem a Curitiba por Teixeira e Valcke.
Tiro no pé
A publicação no Facebook de Mario Celso Petraglia do salário de jogadores do Atlético (a diretoria nega os valores) foi uma desgraça completa: expôs ainda mais um elenco já exposto pelo seu mau futebol; vendeu como exceção uma situação que infelizmente é regra no futebol, os salários estão fora de qualquer parâmetro de bom senso; atraiu tanto ou mais antipatia do que simpatia dos atleticanos com seu gesto.
Há exemplos de sobra de que o ano está sendo uma tragédia no futebol do Atlético, das contratações que não deram certo à troca constante de treinadores. A divulgação dos salários em qualquer outro momento já soaria a tentativa de piorar ainda mais um quadro que é péssimo. A poucos dias de um confronto direto decisivo, em que o clube tem obrigação de vencer, a posição passa por mesquinha, fica com cara de atitude de quem está mais interessado em ganhar a eleição do que em ver o clube fugir do rebaixamento.
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