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Usei o título acima em outra coluna, não faz muito tempo. O personagem em questão era o Atlético deixado por Renato Gaúcho de herança para o Antônio Lopes. Embora o Furacão siga às voltas com o descenso, a definição cabe hoje, também, para o Paraná.

Os Brasileiros por pontos corridos já deixaram bem marcados três tipos de rebaixado: aquele que vai mal do início ao fim do campeonato; o que luta da primeira à ultima partida, mas sucumbe no final; e o que começa nas primeiras posições, a uma certa altura estaciona no meio da tabela e, nas rodadas decisivas, enfia-se na zona de rebaixamento. O primeiro tipo já começa desenganado, apenas cumpre a sua sina. O segundo cai absolvido pela torcida, que viu o time brigar dentro do seu limite técnico.

O terceiro é o pior tipo. Demora a acordar para o risco do descenso e, quando acorda, dificilmente con­­segue recuperar-se. Seja na A ou na B, um time sempre segue esse roteiro de declínio ao longo da competição até ser rebaixado.

O Paraná se encaixa perigosamente neste perfil. Começou o campeonato com uma surpreendente e precoce consistência que lhe permitiu sonhar com o acesso. Faço o mea culpa sem peso na consciência por ter engrossado o coro dos que apostavam na promoção tricolor. Uma confiança que o time passava pelo futebol suficientemente bom e organizado para subir em um campeonato em que há dois times muito acima dos demais (Portuguesa e Ponte) e um muito abaixo (Duque).

Depois, o Paraná sofreu algumas derrotas que pareciam condená-lo a ficar no meio da tabela, mas agora entrou em um perigoso momento em que não consegue reagir. E, pior, alimenta sua própria crise. A famigerada entrevista de Paulo César Silva, após a derrota para o Salgueiro, acelerou este processo. O discurso de Cris na terça-feira levou a situação a um nível perigoso. Por mais que sempre seja melhor lavar a roupa suja dentro de casa, expor alguns problemas aproxima o clube do torcedor e passa a sensação de que o incômodo com o que está errado é tamanho, que se torna impossível manter o problema dentro do vestiário.

Tudo muito bonito, desde que haja alguma consequência. Duas figuras importantes do Paraná vieram a público dizer que falta vontade a alguns jogadores, o time continua sem reação e mesmo assim o elenco é preservado. A única mudança é proibir todos de dar entrevista. Uma medida que serve muito mais para punir torcedor e imprensa do que dar uma sacudida no elenco, como se o problema estivesse fora da Vila Capanema, não dentro.

Hoje, o Paraná tem um confronto direto com o ASA, com o peso dos maus resultados e a pressão da torcida pendurada no alambrado da Vila. Vencer é obrigação, pois há o risco de fechar a semana mais perto ainda da zona de rebaixamento. Faltam apenas dez rodadas e o Tricolor não reagiu com a mesma velocidade do seu declínio. Se não reagir hoje, ficará cada vez mais com cara de rebaixado.

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