Ninguém vai para um jogo pensando na derrota. Em clássico, então, é um pensamento proibido. Sinal de fraqueza ou prenúncio de mau agouro. Porém, quanto mais importante é um jogo, maior a possibilidade de ser traído pela mente e, na hora de encostar o travesseiro na cama, imaginar as consequências de um fracasso na partida tão esperada.

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A sombra do fracasso paira sobre a dupla Atletiba. Mesmo que não queiram, a hipótese de uma derrota entra na conta da análise do risco dos dois rivais para o clássico.

Perder para o Coritiba seria trágico. Em casa, estádio lotado, primeiro Atletiba do Alex depois de 16 anos, time sub-23 do outro lado. Um pesadelo capaz de levantar dúvidas sobre a real capacidade do elenco montado de encarar os principais desafios da temporada. Um tropeço que faria despertar o preconceito adormecido contra o técnico Marquinhos Santos: "É muito novo! Nunca jogou bola!".

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Para o Atlético, o impacto da derrota seria medido pelo placar e pela atuação da equipe. Perder apertado e jogando bem daria crédito ao sub-23, significaria a resposta prática aos pedidos de raça que têm se repetido nas arquibancadas do Ecoestádio desde o início do campeonato. Ser goleado pelo rival, contudo, tocaria mais fundo. Daria força aos pedidos pela volta do time titular e, quem sabe, serviria como um choque de realidade para a diretoria, que às vezes dá a impressão de viver em outro planeta. De forma alguma seria um terremoto de magnitude igual ao do Atletiba da Páscoa de 95, mas moveria algumas placas tectônicas no CT do Caju.

Obviamente, ninguém entrará em campo domingo com a derrota na cabeça. Mas ter a noção das suas possíveis consequências permitirá aos dois times respeitar o clássico como ele exige e buscar com mais ímpeto a vitória que dissipará qualquer nuvem carregada da vizinhança do vencedor por algumas semanas.

Parceria perigosa

Há um paralelo histórico no futebol paranaense ao pedido de ajuda do Paraná à Fúria Independente para cobrir a Curva Norte. Em meados dos anos 70, a T.O.M. (Torcida Organizada do Matsubara) criou uma comissão de construção para erguer o Estádio Olímpico Regional, em Cambará, até hoje de propriedade da torcida. A organizada abandonou as bandeiras, tornou-se uma gestora do estádio. Não vejo o menor indício de a Fúria fazer algo parecido, até porque angariar fundos para cobrir uma arquibancada é algo muito menor do que fazer um estádio do primeiro rabisco do projeto ao último tijolo.

Ao pedir ajuda à facção, o Paraná cria um ponte perigosíssima. O que a organizada receberá em troca da benfeitoria? Em um momento que vai organizando a casa, a diretoria tricolor não tem o direito de dar o poder a quem historicamente, em qual clube for, não sabe lidar com ele.

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