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Em circunstâncias normais, empatar no Morumbi sempre foi um bom negócio. Ainda mais se o resultado te deixa a um ponto do G4. Mas o São Paulo atual é o pior desde o rebaixamento no Paulistão de 1990, uma oportunidade que levará anos para o Atlético voltar a ter. Sob esse aspecto, o Furacão deixou dois pontos para trás no Morumbi. E teve chance de conquistá-los na bola de Éderson nos minutos finais. De qualquer maneira, a recuperação rubro-negra está consolidada. Bom ainda que se frise: a movimentação de Aloísio, mesmo sem tocar na bola, faz do gol do São Paulo um lance ilegal.

Chega de atraso

Pagamentos atrasados são pauta permanente no futebol brasileiro. Muda apenas o time que dá motivo para o tema vir à tona. Em meados de junho foi o Coritiba, com direito de imagem atrasado de Deivid (débito negociado e em fase de pagamento). Em julho foi o Botafogo, pelas queixas de Seedorf e a manifestação via Facebook da mulher de Oswaldo de Oliveira. Agora é o Paraná, com o pronunciamento de Dado Cavalcanti após a vitória sobre o Boa. E diariamente tem Flamengo e Vasco para manter a chama do atraso sempre vigorosa.

As razões da dificuldade dos clubes brasileiros em manter os pagamentos em dia (seja de salário ou direito de imagem, modalidades equiparadas pela Justiça do Trabalho) são conhecidas. Gasta-se mais do que se arrecada. Gasta-se contando com receitas que nem sempre chegam. Ou gasta-se simplesmente por gastar, pensando na satisfação imediata à exigência da torcida por resultados.

O que passa totalmente ao largo é como frear este ciclo interminável. Pela cultura brasileira (não só do futebol), existe apenas um jeito, a punição. E pelo menos duas vezes o Rodrigo Fernandes, editor de Esportes da firma, usou esse espaço para defender que time que atrasa salário seja punido.

A lógica é simples. Os salários atrasam porque o clube tem uma folha maior que o seu orçamento. A folha é maior que o orçamento porque o clube ofereceu um salário fora da sua realidade. Ao oferecer um salário fora da sua realidade, o clube privou um concorrente de contar com aquele jogador. Há uma nítida deslealdade competitiva. É preciso punir severamente, com perda de pontos ou rebaixamento de divisão.

Essa segunda hipótese eu reservaria a quem atrasasse pagamento de funcionário. Se para jogadores e técnicos ainda há quem admita o paliativo absurdo de que eles ganham muito dinheiro e conseguem aguentar um período sem receber, o mesmo não vale para o porteiro, o massagista ou a telefonista que vivem de salário mínimo. Para esses, não receber em dia é uma tragédia.

Somente quando quem organiza o futebol tomar consciência da necessidade de punir os maus pagadores a fantasia financeira que guia os clubes chegará ao fim. E para ser mais específico. Somente quando um gigante for punido por ser mau pagador. Aí sim, os atrasos deixarão a pauta do futebol brasileiro.

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