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Valorizar o espírito de luta foi o discurso padrão do Coritiba para atenuar a dor pela derrota para o São Paulo. De Marcelo Oliveira à tor­­cida, passando pelos jogadores e vários colegas de imprensa, exaltou-se o brio alviverde em sair do 0 a 4 para um quase empate heroico, mesmo com dez jogadores. Exaltar demasiadamente o espírito de luta é um problema, sintoma de miopia. Se o que ficou de melhor foi a luta, é porque todo o resto deu errado. Faltou tática, faltou técnica, faltou eficiência. Sobrou a luta.

Com o título da Copa América, a semifinal na Copa do Mundo, as boas campanhas de clubes e as revelações da base, o Uruguai voltou a ser considerado um grande do continente. Os mais afoitos, na falta de informação que embase uma opinião mais real, evocam a luta e a raça uruguaia como um dos segredos do renascimento – que vem desde 2007, não do ano passado.

Análise errada. O Uruguai nunca deixou de lutar, nem de ter raça. Deixou de ter todo o resto. Virou uma seleção que corria, brigava, dava carrinho, pontapé, mas perdia no final. Só voltou a ser grande porque redescobriu o óbvio: para vencer, é preciso jogar bem e ter bons jogadores. A luta é um opcional desejável, mas nunca pode ser a principal virtude.

Portanto, quando o seu time terminar um jogo e o que você conseguiu ver de melhor nele for o espírito de luta, desconfie. Olhe para o placar. Certamente o adversário terá feito mais gols. Ou o seu time não terá conseguido fazer o resultado que lhe servia. Sim­­ples­­mente porque só luta não dá vitória e título a ninguém.

Senso comum

A escolha da proposta de Mario Celso Petraglia para concluir a Are­­na conduziu a um senso comum imediato sobre os próximos cinco meses do Atlético: Malucelli será o presidente do futebol; Petraglia será o "presidente" do estádio. Jor­­nalistas sempre devem desconfiar do senso comum, sob o risco de reproduzi-los e fazerem bobagem.

Passei adiante este senso co­­mum e cometi uma injustiça neste espaço, terça-feira, ao concluir que Malucelli tratará apenas do futebol, sem poder de decisão quanto ao estádio. Errado. Enquanto for presidente, caberá a ele assinar qualquer investimento ou contrato referente ao estádio, bem como representar o Atlético ao poder público.

Não será o meramente diretor de futebol de luxo que denominei. Embora ele mesmo admita que agora terá mais tempo para cuidar do futebol – e tirar o Atlético do buraco em que enfiou (adendo meu). E o próprio Malucelli sabe que seu poder em relação à Arena será muito mais de veto do que de acrescentar ideias, pois como o atual presidente rubro-negro diz, não há diálogo entre ele e Petraglia.

Como já escrevi outras vezes, não tenho a menor vergonha de corrigir erros de informação e avaliação na coluna. Faço isso novamente hoje, com o necessário pedido de desculpas a quem foi atingido ou induzido a alguma conclusão por essa leitura errada dos fatos.

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