Na entrevista coletiva após a derrota para o Rio Branco, Roberto Cavalo estimulou o trocadilho infame com seu apelido ao dar explicações ásperas para a derrota paranista. Domingo foi a vez de Marcelo Oliveira recusar-se a responder duas simples questões: "Por que Davi não foi relacionado?" e "Por que Lucas Mendes não entrou no lugar de Rafinha, uma bomba-relógio prestes a explodir?". As duas reações são sinais dos tempos atuais.
Em 1995, quando foi contratado para dirigir o Paraná, Vanderlei Luxemburgo era o técnico mais bem pago do País. Seu salário no Tricolor era de R$ 40 mil, fora os R$ 45 mil que receberia do Flamengo até o fim daquele ano. Hoje em dia R$ 40 mil por mês continua sendo muito dinheiro, mas virou faixa salarial de técnico de terceiro escalão. Luxemburgo ainda é o mais bem pago do Brasil, mas agora cada mês do seu "poxetu" na Gávea custa R$ 520 mil.
Os técnicos foram extremamente valorizados nesta década e meia. Na verdade, supervalorizados. Se não é justa para definir a importância do treinador a alegoria criada sobre Vicente Feola, que, dizia-se, dormia no banco da seleção enquanto Pelé e Garrincha resolviam em campo, também não é correto atribuir a ele todo o sucesso ou fracasso de uma equipe. Nós, jornalistas, também temos culpa. Transformamos jogos em duelos táticos, como se à beira do gramado estivessem Karpov e Kasparov decidindo quem é o maior enxadrista do mundo.
Inevitável que tanta adulação infle os egos dos treinadores, que se sentem conhecedores absolutos do jogo, que não podem ser questionados por ninguém. Esquecem que embutido no salário muito acima da média do trabalhador brasileiro está a cobrança comparável à de um grande executivo. Os professores precisam estar preparados também para isso. Embora alguns, à beira do gramado, vendo seu time com um a menos ser dominado, reforcem a lenda do velho Feola dormindo no banco de reservas.
O risco do negócio
Sexta-feira escrevi sobre a necessidade de o Coritiba se preparar para andar sozinho, para não correr o risco de repetir o Paraná, em dificuldades desde que foi abandonado pelo antigo parceiro. A resposta, simpática, foi dada pelo vice Vilson Ribeiro de Andrade, com boas informações. O Coxa adquiriu ao menos parte dos direitos de jogadores agenciados pela empresa, casos de Léo Gago e Emerson. Nas categorias de base foi estabelecida a regra de que todos os jogadores devem pertencer ao menos 80% ao clube. São medidas que criam uma boa blindagem para o Coritiba, que vendeu mal suas últimas revelações e desde a geração de Keirrison não fabrica um titular absoluto dentro de casa. A margem de erro é a influência que qualquer empresário tem sobre seu jogador. Vilson admite que é o risco do negócio. O Coxa parece bem preparado para assumi-lo.
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