A saída de Miguel Ángel Portugal do Atlético deixa uma pergunta no ar: algum técnico estrangeiro dará certo no futebol brasileiro? A passagem do espanhol pelo CT do Caju deixa vários sinais que, juntos, permitem uma resposta aproximada.
O primeiro é o tempo. A mudança de país e a convivência com futebol e cultura diferentes exigem, no mínimo, seis meses de adaptação. Se um clube brasileiro quiser fazer uma aposta séria em um técnico de fora, precisa bancá-lo por pelo menos um ano. O que significa, antes de mais nada, absorver todas as pancadas da torcida e da imprensa se os resultados demorarem a aparecer.
O segundo ponto é trazer um treinador que mereça essa aposta de no mínimo um ano. Quando vai buscar jogadores estrangeiros, os clubes brasileiros invariavelmente trazem o que vêm pela frente, sem levar em conta que, se o cara fosse tão bom, provavelmente estaria na Europa. É preciso critério no garimpo. O mesmo vale para o treinador. A ideia de que qualquer técnico argentino ou europeu é melhor do que a maioria dos técnicos brasileiros é errada. Miguel Ángel Portugal tem quase 20 anos de trabalho como técnico ou dirigente. Seu currículo é medíocre. O Departamento de Inteligência do Atlético não se perguntou se isso não era à toa?
Isso quer dizer, então, que o currículo de Portugal, puro e simples, já desaconselharia a aposta nele e a saída chega a ser tardia? Não necessariamente, e, assim, chego ao terceiro ponto.
Brasileiro ou estrangeiro, o técnico precisa de um bom time. O Atlético tinha isso ano passado e jogou fora. Deu a um técnico que já precisaria se adaptar a um mundo novo a missão de, em três semanas, montar um time novo. E quando esse time começava a se formatar, a diretoria tratou de tirar mais 12 peças do elenco. Entre elas, um dos melhores jogadores, em uma função onde já não há muitas opções, a defesa.
Obviamente, Portugal tem culpa nisso tudo. Aceitou essas condições. Agiu como um pelego ao assumir para a comissão técnica a decisão do afastamento de Manoel, uma medida 100% da diretoria. Topou as regras do jogo e foi rifado por essas regras. Entrega um Atlético pior do que o que recebeu e reforça a ideia errada de que técnico estrangeiro não dá certo no Brasil.
Agora é esperar a próxima "sacada" da diretoria rubro-negra. Uma aposta que precisa da chegada de reforços para dar certo.
No seu lugar
Tinha escrito uma coluna inteira sobre o (questionável) valor do futebol de Giancarlo quando Miguel Ángel Portugal anunciou sua saída do Atlético. O espanhol salvou o colunista do desperdício de espaço. Giancarlo não merece uma coluna inteira, muito menos uma disputa entre rivais ou a fila de times da Série A atrás dele que seu empresário alardeia. Giancarlo tem um futebol de nota de rodapé.
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