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Palavra que me esforço para tentar compreender. Não consigo. Sou do tempo em que futebol era apenas um esporte a congraçar pessoas, mesmo de times adversários. Quando comecei nessa lida do jornalismo esportivo (e lá se vão 44 anos), torcedores rivais iam para o estádio juntos e não raras vezes também permaneciam juntos na arquibancada, cada um torcendo para seu time.

Por conta de um funil que havia para a participação dos clubes paranaenses no que era o embrião do Campeonato Brasileiro, aquele que se classificava para a competição levava dois jogadores dos outros pretendentes. Levava, também, a torcida, que em primeiro plano se colocava como paranaense na disputa contra representantes dos demais estados.

O tempo, aos poucos, se encarregou de apagar essa bela e saudável imagem. Hoje o que se vê por aí é o torcedor mais empenhado em ver o fracasso do adversário do que o próprio sucesso de seu time. E não só no pensamento, mas agredindo e atirando para todos os lados nas redes sociais.

Ah, as redes sociais! Passo por cima, não consigo ler tanto absurdo. Basta alguém postar qualquer notícia sobre um clube, que dali a pouco torcedores deste e de outros estão trocando ofensas que nada têm a ver com o tema da postagem – apenas encontram um espaço para destilar toda a maldade interior.

E o pior (como se já não fosse o bastante) é quando se abre espaço para as manifestações de ira, raiva, ódio. Que chegam ao ponto de torcedores agredirem um menino de 12 anos dentro de um ônibus, simplesmente pelo fato de este estar segurando um agasalho do time rival. Saldo disso (o motorista encaminhou o ônibus para a delegacia): ninguém preso.

É essa impunidade que alimenta as cenas deploráveis vividas em alguns estádios do país nesse Campeonato Brasileiro. Não raras vezes o mesmo torcedor mostrado em vídeo como agressor num dia está lá, no jogo seguinte, provocando as mesmas confusões. Não por falta de legislação, mas pela não aplicação da lei, que prevê punições a esses infratores, de pelo menos se apresentarem à delegacia em dias de jogos.

E o que se viu domingo passado, em Joinville, foi apenas o reflexo de tudo isso de errado que vem se acumulando nos últimos anos. Do xingamento na internet que se transforma em ódio e leva o ser humano à irracionalidade de agredir por agredir, para acumular troféus a serem expostos na rede social (olha ela aí de novo) após cada ato de selvageria praticado.

Preocupados com a repercussão internacional às vésperas de uma Copa do Mundo e ainda no clima de consternação que tomou conta da nação, cartolas e autoridades propõem encontrar alternativas para acabar com isso. Será mesmo? Ou as festas de fim de ano apagarão tudo e janeiro vai começar sem nada resolvido?

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