Palpite infeliz
Não poderia ter sido mais inoportuna a declaração do diretor do departamento de árbitros publicada ontem nessa Gazeta. Ironizando o pedido de árbitros de fora para o jogo decisivo de domingo, feito pelo Atlético, sugeriu o nome de Heber Roberto Lopes, o paranaense que ora apita em Santa Catarina e que está no rol das pessoas não gratas aos rubro-negros.
A mesma ironia já circulava nas redes sociais, mas ali é um fórum livre, que aceita qualquer absurdo (e como tem disso por lá). Na posição que ocupa, o diretor não deveria considerar uma reclamação basicamente de torcedor publicada pelo presidente atleticano e, se fosse obrigado a declarar alguma coisa, que o fizesse enaltecendo o trabalho de seus comandados ou algo assim.
Mesmo porque o protesto atleticano foi exagerado e descabido (como de resto em outras manifestações do presidente, incapaz de filtrar suas reações mais passionais, o que atrapalha sua imagem de ótimo gestor e responsável pela grande guinada do clube em sua história), baseado em um lance que exigiu cinco ou seis replays, até que um ângulo favorável fosse encontrado.
Refiro-me à agressão de Escudero em Crislan. Um soquinho, nada tão ostensivo assim, mas o suficiente para excluí-lo da partida se tivesse sido observado pela arbitragem. Não o foi porque o zagueiro foi discreto e ambos os envolvidos encobriam o melhor ângulo do apitador, enquanto outros jogadores impediam a visão do assistente. A tevê mostrou que a melhor tomada veio da câmera da grua, que fica atrás do gol. Mas ali não tem árbitro algum.
Um erro, sim, mas sem dolo, por absoluta falta de campo visual para se observar a ação do atrapalhado beque coxa. Um trio de final de Copa do Mundo apitando ali teria deixado passar em branco também. Assim como a interpretação (e cada um tem a sua) poderia considerar um erro a não aplicação de cartão amarelo para a cotovelada de Zezinho em Gil, que, se tivesse sido ao contrário (de Gil em Zezinho) certamente geraria outro bom volume de reclamações.
As contestações existem no futebol (embora as do presidente atleticano sejam sempre exageradas) e são potencializadas sempre no maior clássico paranaense. Poderiam ser mais contidas, claro, mas isso é do emocional e qualquer controle é mais complicado.
Controle que se exigiria no diretor de árbitros (pessoa que muito admiro), que não poderia ter se exposto da maneira como o fez, como se tudo não passasse de uma discussão de colegiais.
As contestações existem no futebol (embora as do presidente atleticano sejam sempre exageradas) e são potencializadas sempre no maior clássico paranaense. Poderiam ser mais contidas, claro, mas isso é do emocional e qualquer controle é mais complicado.