Segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, publicado ontem no encarte especial Guia do Brasileiro 2012, desta Gazeta, 62% dos torcedores curitibanos é partidário dos pontos corridos no Brasileirão, que terá pontapé inicial hoje, com três jogos, e 16% é contra, não gosta o restante não tá nem aí pro assunto mais importante dentre os menos importantes.
Noves fora a margem de erro de 4,5%, o contingente satisfeito com a fórmula é significativo frente aos contrários. Essa maioria considera os pontos corridos mais justo, com todas as partidas decisivas, laureando os clubes que melhor planejaram sua participação no torneio, etc e tal. Óbvio ululante, caro Nelson? Sim, por supuesto, até aí sim. Mas veja só, não é bem assim... Então é justo seu time disputar um torneio com concorrentes faturando o triplo ou mais do que o seu, só em cotas de televisão? Justo não é, mas é pegar ou largar. Título? Esquece. É só participar. Juntar umas migalhas e ir vivendo.
É certo que o futebol brasileiro vem saindo das fraldas. Se fosse menino, estaria agora engrossando a voz, trocando a pomada de acne por creme de barbear; se fosse menina, estaria trocando as bonecas e o fogãozinho por estojo de maquiagem e o celular.
Porém estamos longe de uma organização feito as ligas europeias. Mas o dia em que chegarmos próximo disso, Deus nos livre ter um destino como o futebol espanhol, onde apenas Real Madrid e Barcelona disputam títulos e ficam com o grosso da grana gerada pelo esporte. O resto assiste, segurando alguns caraminguás minguados nas mãos.
O Espanhol parece mais uma passarela gramada por onde desfilam alguns dos melhores jogadores do mundo do que um campeonato nacional. É uma exibição só com as grifes de Barça e Real. Um aborrecimento. E olha que é apenas a quarta liga mais valiosa do mundo, atrás da Inglaterra, Itália e França. Estes, li por aí, desenvolveram um formato bem mais democrático de campeonato. Dividem a metade dos Euros gerados igualmente entre os participantes e a outra metade distribuem para performance em campo nos últimos anos (25%) e audiência produzida (os outros 25%).
Legal, não? Oxalá o Campeonato Brasileiro pegue a mesma estrada, pois, do jeito que é dividida a arrecadação hoje, corremos o risco de ter também o nosso clássico único monopolizando o nacional, talvez entre Corinthians e Flamengo Toc! Toc! Toc!
Enfim, pontos corridos, sim, mas com engenharia financeira mais igualitária, possibilitando a muitos outros times tradicionais e organizados a vencer e crescer. Ou isso ou voltemos para a briga na unha dos mata-matas, onde um ou outro bárbaro toma temporariamente o trono dos donos da bola.
Ou, como diria o Sr. Nelson, citado acima, entraremos no Brasileiro todo ano apenas com uma banana na mão e piolho na cabeça.
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