Lendo a coluna de Tostão ontem, na Gazeta do Povo, intitulada "Nada vai mudar", me provocou uns três tipos de calafrios. Em "Nada vai mudar", Tostão, o "Mineirinho de Ouro", tenta acertar a lebre que jornalistas do mundo todo vêm levantando: depois da eliminação da seleção brasileira, o modo de jogar do Brasil e do futebol dos clubes brasileiros irá sofrer mudanças?
O título do texto de Tostão responde a questão. Nada muda. Todos os técnicos, daqui e mundo afora, pensam como Dunga, assegura Tostão. Todos, sem exceção, pensam igualzinho ao ex-volante, ou seja, um futebol "matemático", "científico", o qual o que importa mesmo é o resultado.
Estariam todos se lixando para a qualidade do espetáculo, coisa para saudosistas e românticos, feito Tostão.
Tostão também lembra que a seleção de 70, que seduziu o mundo todo com seu "futebol-arte" (e na qual ele próprio foi peça fundamental), paradoxalmente foi a pedra ou bola fundamental para o futebol "científico", "matemático", organizado dentro e fora de campo.
Os clubes brasileiros teriam, a partir daí, adotado o estilo para fazer futebol no país. A seleção de Pelé, Tostão e cia. teria sido a cuna do profissionalismo do esporte, segundo o Mineiro de Ouro. Pareceu até que Tostão fez um "mea-culpa" pelo futebol feio praticado hoje.
O certo é que não teremos novidade alguma pós-Dunga. Ao contrário, mais dungas virão. Talvez apenas com uma ou outra mudança sensível, como no trato com a imprensa.
Mas há um outro paradoxo nessa coisa de futebol "científico", "matemático", tão propalado: não é contraditória a busca de todo este rigor e objetividade dentro de campo quando sequer se tem garantia de que fazer um belo gol ele seja validado?
Este caráter "científico", "matemático" e "pragmático" do futebol "moderno" poderia ser aplicado também à... (esta é outra coisa que me dá calafrios só de ouvir) arbitragem.
Não importa que os técnicos não mudem. Acabar com as injustiças cometidas pela arbitragem é bem mais importante.
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