Os times que lutam para ser campeões são inferiores aos que disputaram o título nos anos anteriores. Não falo de pontos, mas de qualidade. Se o Santos, da Copa do Brasil e do Paulistão, e o Inter, da Libertadores, mantivessem a mesma eficiência, seriam as duas grandes equipes do Brasileirão.
Depois de adotar a estratégia europeia, de marcar mais atrás para contra-atacar, os técnicos brasileiros começam a escalar atacantes, e não armadores, para jogar pelos lados, com funções defensivas e ofensivas. Lucas, do São Paulo, Tartá, do Fluminense, e outros são armadores ou atacantes? Não importa. Apenas o centroavante atua fixo na frente.
Nada disso é revolucionário. Essa foi a estratégia da seleção na Copa de 70. O atacante Jairzinho marcava no próprio campo, pela direita, para, em seguida, chegar ao ataque. Assim, fez vários gols.
Difícil é encontrar atacantes que, além de recuar e marcar, sejam velozes, habilidosos e bons finalizadores, como Jairzinho e Cristiano Ronaldo. A maioria corre, vai, volta e se atrapalha com a bola quando chega ao ataque.
Contra a Inter de Milão, o jovem Bale, do Tottenham, de 21 anos, jogando pela esquerda, desarmou no próprio campo, avançou com velocidade, driblou e deu passes para gols. Maicon e Lúcio ficaram perdidos, o que é raríssimo. Todos querem contratar o galês.
Nem todo grande atacante tem características para jogar dessa maneira. Um dos motivos de Ronaldinho ter sido tão espetacular no Barcelona foi que o time tomava a bola no campo do adversário e Ronaldinho partia com ela da intermediária, mais perto do gol. Se voltasse até o próprio campo, não seria o mesmo.
Contra o Corinthians, o São Paulo quis repetir a estratégia que tinha dado certo contra o Cruzeiro, de marcar mais atrás e contra-atacar. Foi o que o Corinthians fez. O São Paulo não sabia se pressionava ou se esperava o adversário. Não fez uma coisa nem outra. O Corinthians ganhou, principalmente, por ter jogadores muito melhores no meio de campo.
O Botafogo utilizou a mesma postura, de contra-ataque, contra Atlético-MG e Avaí. Deu certo contra o Atlético-MG, e Joel foi chamado de grande estrategista. Deu errado contra o Avaí, e o técnico foi chamado de retranqueiro.
Para muitos, o jogo é sempre decidido pelos treinadores. É uma distorção. Por isso, eles se sentem poderosos e prepotentes.
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