O Atlético Paranaense quer voltar a disputar títulos nacionais e internacionais. Desde 2005, quando foi vice-campeão da Libertadores, o clube deixou de figurar como um time em ascensão no cenário brasileiro e sul-americano, regredindo alguns degraus em cinco anos. Embora o discurso de voltar ao topo não seja recente, a diretoria trabalha para viabilizar isso de maneira real. Para tanto, reforçou os bastidores com o executivo Paulo César Verardi, que assumiu há duas semanas o comando do marketing e da comunicação do Furacão.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o dirigente falou sobre a posição remunerada que está assumindo no clube, e sobre mais um desafio na carreira, que conta com passagens por grandes empresas como Ford, Coca-Cola e Umbro, além de uma experiência no comando da mesma área do Grêmio.
"Fui convidado pelo presidente Marcos Malucelli e fechamos um acordo muito rapidamente, principalmente por dois aspectos: a relação que eu já mantinha com o clube, como então dirigente da Umbro, e pela admiração que já tinha pelo Atlético. Diria que, há um bom tempo, sou um atleticano de coração e isso pesa. Tenho experiência no segmento futebol, comercial de marketing, e essas três coisas combinadas foram fundamentais", revelou Verardi.
Ao trazer um especialista para o clube, a diretoria do Rubro-Negro quer otimizar as finanças do clube, e a "ousadia" em ter um executivo no setor só não é maior do que as metas a curto, médio e longo prazo. "Meus objetivos fundamentais são o fortalecimento da marca Atlético e o aumento do poderio econômico do clube. Fundamentalmente é isso. A frase é simples de ser dita, porém se desenrolar em uma série de metas de ordem econômica", explicou.
A Gazeta selecionou os principais trechos do longo papo com o dirigente atleticano, os quais o internauta pode acompanhar a seguir.
Patrocínios
"Estamos assumindo todas as sondagens e negociações sobre isso. O Atlético tem um patrimônio grande e valioso. As nossas ações também passam pelo "naming rights" da Arena, do CT do Caju e do patrocínio de camisa. Temos perspectivas boas, estamos tentando agregar todas as possibilidades e a ideia é formalizar alguns destes acordos o mais breve possível. São negociações vultuosas, demandam um certo período de tempo, e no momento em que os contratos estiverem firmados iremos divulgar com a maior rapidez possível. Não falamos em prazos para fechamento dessas situações, não seríamos honestos e francos se fizéssemos isso".
Mercado e poderio econômico
"Não só o nosso segmento futebol, mas outros também enfrentaram um período de crise, e isso afetou o mercado como um todo. Já a partir do segundo semestre, em virtude da recuperação econômica, a estabilidade do Brasil foi boa para nós. A proximidade da Copa do Mundo também ajuda, dá mais visibilidade ao futebol. Vejas estas grandes marcas, como Flamengo e Corinthians, que conseguiram fechar contratos por somas importantes, até com fornecedores de material esportivo. Obviamente o Atlético está dentro de um patamar diferente, mas compatível com duas coisas: peso em termos de torcida, e a riqueza patrimonial muito significativa. Tudo isso tem que ser colocado na mesa no momento de negociar, darmos um valor alto, já que as duas combinações nos levarão a contratos que aumentem o nosso poderio econômico.
Por coerência, estamos usando o futebol mineiro e gaúcho como referência nesta busca por parceiros. Cada produto, porém, terá variação maior ou menor do que estes dois centros. O nosso naming rights, por exemplo, vale muito mais do que em Minas, já que lá nem Cruzeiro, nem Atlético-MG, possuem estádio próprio".
Sócio-torcedor
"Temos uma prioridade absoluta nesse projeto de sucesso que o Atlético já possui. Além da adesão e fidelização, buscamos dar qualidade ao serviço prestado ao nosso sócio. Esta é uma receita perene ao clube, temos torcedores apaixonados e que adoram vir à Arena, ser bem atendidos, com um bom serviço. Esta é uma das prioridades do nosso departamento, vamos trabalhar muito esta questão do relacionamento. Sobre o crescimento da massa de sócios, temos de fato uma questão física a ser equacionada, algo que está sendo tratado pelo Conselho Administrativo, mas acredito que possamos ter novidades em breve. E aproveitando o espaço, gostaria de dizer aos torcedores que ainda não são sócios de que temos algumas cadeiras disponíveis, são poucas, mas elas estão disponíveis e a torcida pode nos procurar para ficar com uma delas".
Excursões e parcerias
"Exceto em anos como este, é praticamente impossível pensar em excursionar para fora do país. Esse ano é viável e eu diria que temos pessoas atentas a isso, nas áreas de relações internacionais e marketing. Além do aspecto técnico, econômico e de receita, essa ida a outros países auxilia na prospecção de eventuais patrocinadores, a questão da globalização da marca é fundamental e estamos atentos. Não é apenas levar a marca do Atlético a outros lugares do mundo, mas sim buscar até novos torcedores, expandir as nossas fronteiras. Interessaria muito, por exemplo, ir à China, um país em franca expansão e com um número absurdo de consumidores ávidos por futebol. O Atlético poderia até representar um ícone de modernidade nesse processo". (N. do R.: O Furacão negocia uma parceria com o futebol chinês, e um clube do país asiático pode vir para um período de treinamentos no CT do Caju ainda em 2010).
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