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Com a convocação para a Copa  bancada pelo técnico Dunga, Júlio Baptista não substituiu à altura o astro Kaká, deixando um buraco no meio de campo brasileiro, que não apresentou criatividade ontem, diante de Portugal | Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial
Com a convocação para a Copa bancada pelo técnico Dunga, Júlio Baptista não substituiu à altura o astro Kaká, deixando um buraco no meio de campo brasileiro, que não apresentou criatividade ontem, diante de Portugal| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial
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A atuação abaixo do esperado e o insosso 0 a 0 de ontem contra Portugal rescenderam velhos temores em relação à seleção brasileira, recolocando em xeque o grupo escolhido a dedo por Dunga para a Copa. Problemas que se sobrepõem ao fato de o time ter terminado como primeiro lugar do grupo G (7 pontos).

O maior deles diz respeito a Kaká. O receio de que não existiria vida criativa no meio de campo do Brasil sem a presença da estrela do Real Madrid se confirmou. Expulso na partida contra a Costa do Marfim, o armador viu de um dos camarotes do Moses Mabhida a seleção até esboçar uma pressão no primeiro tempo, mas a última impressão foi desalentadora. O Brasil só não perdeu por causa de uma intervenção providencial de Júlio César em chute de Raul Meireles na etapa final.

As estatísticas da Fifa reforçam a tese. Escalado com a missão de substituir Kaká, Júlio Baptista deu um único mísero chute em 82 minutos em campo – e não acertou o gol. Pouco para quem foi bancado por Dunga. "Gostei da minha estreia em uma Copa do Mundo, acho que tive um desempenho legal", resumiu La Bestia (a fera, em português), apelido herdado dos tempos de Sevilla (2003-2005), seu último grande momento por clubes.

O deserto pensativo acabou reforçado ainda pela inesperada ausência de Robinho, poupado por causa de dores musculares. "São dois grandes jogadores e ficaria difícil para qualquer time substituí-los", afirmou o atacante Luís Fabiano, o mais castigado pela opção do treinador de preencher o meio de campo com volantes – a seleção terminou a partida com Josué, Gilberto Silva, Ramires e Daniel Alves (improvisado) compondo o setor. "Portugal jogou muito fechado. Isso dificultou o nosso trabalho e a bola quase não chegou ao ataque", emendou.

Há também questões periféricas que amarraram o time, colaborando para que Dunga ficasse enlouquecido à beira do gramado, comportamento ainda não visto na África do Sul. Felipe Melo voltou a mostrar instabilidade emocional. Nervosismo que o tirou de campo a dois minutos do fim do primeiro tempo, depois de uma troca de entradas violentas com Pepe, brasileiro naturalizado português. Oficialmente, porém, a CBF informou que o volante foi mais cedo para o vestiário devido uma torção no tornozelo esquerdo.

E, fechando o muro dos temores, Michel Bastos reafirmou os comentários de que o país não encontrou um lateral-esquerdo confiável desde que Roberto Carlos largou a camisa 6. O ex-atleticano se rendeu à pressão do confronto, se transformando em peça nula ofensivamente. "Sou defensor e a minha primeira obrigação é marcar. Sem contar que com o Daniel Alves e o Maicon na equipe, já sabia que os ataques seriam concentrados na direita", justificou.

Dunga encontrou uma maneira sutil de puxar a orelha de Bastos: "O erro de passe é normal quando um time está todo atrás e você tenta botar essa vontade de ganhar. Às vezes ir pelas laterais é bem mais fácil, mas hoje [ontem] infelizmente insistimos muito pelo meio", explicou, sem entrar em detalhes sobre a apatia que tomou conta do uniforme amarelo em Dur­­ban.

Agora é com "São Kaká".

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