A Alemanha deu um banho no Brasil na preparação para a Copa do Mundo. Em todos os sentidos. A questão dos estádios apenas refletiu uma organização profissional e mais coerente do que a nossa. Aqui, dividimos as sedes e os 64 jogos de maneira estritamente política, para agradar aos amigos da CBF, enquanto lá houve uma distribuição democrática das partidas, procurando oferecer direitos iguais a quem ajudou a montar a festa para a Fifa. Os germânicos repartiram o pão – o tal legado do Mundial – como irmãos. Por estas bandas, alguns ficaram com baguetes enquanto outros, como Curitiba, terão de se contentar com migalhas.

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Em 2006, todos os estádios abrigaram cinco ou seis jogos. Nenhum ficou fora da fase final. Só houve investimento em praças esportivas que tinham expectativa de uso constante após o torneio. Elefantes brancos como pretendemos fazer em Brasília, Natal, Cuiabá e Manaus – cidades com futebol amador e público irrisório – são conceitos estranhos aos alemães.

Rio e Brasília terão sete jogos da Copa 2014. Do outro lado, Natal, Cuiabá, Manaus e Curitiba só ganharam quatro partidas da fase inicial. Apenas o do Paraná terá público frequente pós-Mundial. Um desperdício. Teria sido melhor não gastar nesses estádios e colocar dinheiro apenas onde há futebol de alto nível.

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Reaproveitando estádios já prontos, como o de Dortmund, ou reconstruindo os que já estavam inadequados – caso do de Frankfurt, onde o Brasil foi eliminado pela França –, a Alemanha gastou cerca de R$ 2,5 bilhões nos palcos do Mundial 2006. Levantando do zero nossas praças esportivas, já ultrapassamos em muito esse valor.  E não devemos parar nos cerca de R$ 7 bilhões atuais.

Sandro Gabardo, editor-assistente, enviado especial da Gazeta do Povo à Copa de 2006.