Se todos os pagantes dos 77 jogos do Campeonato Brasiliense de 2012 fossem pessoas diferentes e decidissem ir juntos à abertura da Copa das Confederações, ainda assim sobrariam mais de 16 mil lugares vagos entre os 70 mil do Estádio Nacional de Brasília. Depois de se acostumar aos confrontos de seleções internacionais, a arena mais cara entre as 12 do Mundial de 2014 vai conviver com partidas como a decisão do último torneio distrital, entre Ceilândia e Luziânia, que atraiu 970 torcedores. Pelas últimas estimativas, de dezembro, a obra vai custar R$ 1,015 bilhão, bancado integralmente pelo governo do Distrito Federal.
Segundo os responsáveis, o custo baixará para cerca de R$ 850 milhões após os abatimentos do Recopa, benefício que permite isenção dos principais tributos federais para estádios do Mundial. Ainda assim, continuará o mais caro.
Como em outras cidades com futebol fraco, o plano para evitar que o espaço se transforme em um elefante branco encalhado a cinco quilômetros da Praça dos Três Poderes é utilizar a estrutura para atrair grandes shows e eventos.
"Já temos eventos esportivos, culturais e congressos até 2019 e, antes mesmo da Copa de 2014, faremos uma concessão onerosa de uso para que o estádio seja administrado por uma empresa especializada em entretenimento", diz o secretário da Copa em Brasília, Cláudio Monteiro. Segundo ele, só o futebol "não sustenta estádio nenhum no mundo". Apesar disso, a CBF estuda a realização de jogos do Brasileiro na capital.
Mas, e o futebol local? "A verdade é que não está à altura do novo estádio", diz Kleiber Beltrão, cronista esportivo em Brasília desde 1976. Por outro lado, ele acredita que o estádio pode ser um propulsor para o reerguimento de clubes como Brasiliense e Gama, que já passaram pela Série A.
Na prática, a previsão é difícil de se concretizar. O Brasiliense, da cidade-satélite de Taguatinga, está na Série C do Brasileiro e manda seus jogos no Elmo Serejo de Farias, o Serejão. O Gama, que não conseguiu nem se classificar para a Série D de 2012, tem sede na cidade homônima, a 40 quilômetros de Brasília, onde fica o recém-reformado Valmir Campelo Bezerra, o Bezerrão. O nome foi uma homenagem feita nos anos 70 ao então administrador da região. Hoje, Bezerra é relator-geral do Tribunal de Contas da União (TCU) na fiscalização das obras para a Copa.
O espaço para 20 mil torcedores foi remodelado em 2008 nos padrões da Fifa por R$ 56 milhões. O padrinho da obra era o então governador José Roberto Arruda, cassado em 2010 após o escândalo do mensalão de Brasília. Na inauguração, o Brasil ganhou por 6 a 2 de Portugal, em um jogo que foi pivô do escândalo que derrubou Ricardo Teixeira do comando da CBF há suspeitas de irregularidades no repasse de R$ 9 milhões para a organização da partida.
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